2024 foi marcado por uma crescente politização do espaço digital. Um dos destaques do ano foi a amplificação sem precedentes do movimento pró-Palestina, que ganhou força desde os ataques de 7 de outubro de 2023. Jovens ativistas e celebridades transformaram suas plataformas online em palcos para chamar a atenção sobre a crise humanitária nos territórios ocupados. Ferramentas como o TikTok foram usadas de forma criativa, como na “Operation Watermelon”, que manipulou algoritmos para manter o foco no conflito de Gaza.
Enquanto isso, jornalistas cidadãos como Bisan Owda e Medo Halimy emergiram como figuras centrais no fornecimento de informações e imagens, destacando também as limitações e preconceitos das plataformas sociais, que foram acusadas de censurar vozes palestinas.
A luta para salvar o TikTok
O TikTok enfrentou novas tentativas de proibição nos Estados Unidos, desta vez culminando em uma lei assinada pelo presidente Joe Biden, que exigiu a venda da plataforma ou seu banimento a partir de janeiro de 2025. Campanhas massivas de usuários e organizações civis tentaram reverter a decisão, argumentando que a proibição violava direitos de liberdade de expressão. A questão agora aguarda um veredito da Suprema Corte.
Uma era de boicotes digitais
Estratégias tradicionais de boicote ganharam nova vida no ambiente digital, muitas vezes inspiradas pelo movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções). Listas de empresas e celebridades a serem boicotadas viralizaram, com diferentes graus de eficácia. Esses movimentos refletiram uma conscientização coletiva sobre como o engajamento online pode ser transformado em ação política tangível.
Redes sociais no centro das atenções
O impacto das redes sociais em causas sociais e políticas também foi amplamente debatido. Movimentos como o #Blockout2024, que incentivava o bloqueio de celebridades durante eventos como o Met Gala, mostraram como os usuários estão usando suas interações como forma de protesto. Paralelamente, a plataforma X, anteriormente Twitter, perdeu milhões de usuários em meio a controvérsias relacionadas ao proprietário Elon Musk, levando muitos a migrarem para alternativas como Bluesky.
Eleições e ativismo nos Estados Unidos
O ciclo eleitoral de 2024 nos Estados Unidos trouxe exemplos poderosos de como as redes sociais podem ser usadas para mobilizar eleitores. Campanhas como “Swifties for Kamala” e ações coordenadas por grupos como #WinWithBlackWomen mostraram o impacto de comunidades digitais na arrecadação de fundos e engajamento político. Após as eleições, estados aprovaram medidas significativas, como a inclusão de direitos ao aborto em constituições estaduais, e figuras progressistas, como Sarah McBride, alcançaram marcos históricos.
Um novo despertar digital
O ano de 2024 deixou claro que os usuários de plataformas digitais não estão mais dispostos a aceitar passivamente as decisões de poderosos. Seja em conflitos internacionais, seja em disputas políticas locais, o ativismo online provou ser uma ferramenta essencial para promover mudanças e responsabilizar líderes, ainda que isso se dê – com alguma contradição – dentro de espaços que são propriedade de pessoas envolvidas com o status quo, como ficou claro durante e após a eleição estadunidense. O futuro da ação digital promete ser ainda mais intenso e conflituoso.