A Amazon.com está sob crescente pressão para negociar com o sindicato International Brotherhood of Teamsters, enquanto milhares de trabalhadores ameaçam entrar em greve durante a movimentada temporada de vendas de final de ano. Recentemente, funcionários em Nova York, Califórnia e Illinois votaram a favor da greve caso a Amazon não inicie negociações. Na quarta-feira (18), trabalhadores de uma unidade em Atlanta se juntaram ao movimento, tornando-se a oitava instalação a apoiar a ação.
Possíveis impactos da greve
Embora a greve não deva paralisar as operações da Amazon, que emprega mais de 700 mil trabalhadores em cerca de mil armazéns nos Estados Unidos, um movimento coordenado às vésperas do Natal pode causar interrupções na cadeia de suprimentos. Além disso, enviaria um sinal claro da intenção do sindicato de causar impacto financeiro na gigante do comércio eletrônico.
Especialistas apontam, no entanto, que a Amazon provavelmente resistirá a qualquer tentativa de negociação, temendo que isso encoraje movimentos sindicais em outras unidades. “A Amazon tem uma estratégia clara de ignorar os direitos dos trabalhadores e evitar negociar coletivamente”, afirmou Benjamin Sachs, professor de Direito do Trabalho na Universidade de Harvard. Ele destacou que, mais de dois anos após a sindicalização bem-sucedida em Staten Island, a empresa ainda não reconheceu o sindicato.
Histórico de resistência da Amazon
A Amazon tem um longo histórico de resistência à sindicalização. Em 2021, uma votação em Bessemer, Alabama, para formação de um sindicato foi anulada, e a empresa foi acusada de agir ilegalmente para frustrar o processo. Uma terceira eleição foi recentemente ordenada por um juiz administrativo.
A empresa argumenta que já paga salários acima da média do setor e investe em automação para reduzir riscos de lesões no local de trabalho. Contudo, trabalhadores criticam o foco excessivo em produtividade, que muitas vezes leva a acidentes e condições de trabalho exaustivas. Segundo Jake Rosenfeld, professor de sociologia da Universidade de Washington, “a Amazon tem mostrado repetidamente que não quer absolutamente nada com a sindicalização”.
Estratégias legais e possíveis mudanças
Enquanto a Amazon resiste às demandas sindicais, também avança com medidas legais, incluindo objeções junto ao National Labor Relatiistons Board (NLRB) e um processo federal que desafia a constitucionalidade da própria agência. A empresa alega que o sindicato não representa tantos trabalhadores quanto afirma e que métodos coercitivos foram utilizados para incentivar a adesão.
A greve planejada ocorre em um momento crítico, com possíveis mudanças na legislação trabalhista sob o governo de Donald Trump, que assumirá em breve. John Logan, professor de estudos trabalhistas na Universidade Estadual de São Francisco, observa que esta pode ser a última oportunidade do sindicato de exercer influência significativa antes de um ambiente regulatório menos favorável.
A Amazon ainda não respondeu às recentes demandas dos Teamsters, mantendo sua postura de resistência aos sindicatos e demonstrando sua determinação em proteger sua autonomia operacional frente às pressões crescentes.