Comissão Europeia deve reconsiderar regulamentações para impulsionar a competitividade, diz executivo da AXA

Ursula von der Leyen

A nova Comissão Europeia liderada por Ursula von der Leyen enfrenta pressões para revisar radicalmente as leis europeias sobre alterações climáticas, investimentos e regulamentação de dados, afirmou Frédéric de Courtois, diretor-executivo adjunto da AXA, em entrevista à Euronews. A mensagem reflete o descontentamento de setores industriais que veem as regras da União Europeia como barreiras à competitividade global.

Competitividade como prioridade do segundo mandato

Em seu segundo mandato, von der Leyen prometeu priorizar a competitividade, em resposta a dados econômicos que colocam a União Europeia muito atrás dos Estados Unidos em termos de desempenho econômico. Representantes do setor financeiro, como Frédéric de Courtois, já listaram regulamentações que acreditam necessitar de revisão ou até eliminação para impulsionar o crescimento.

Entre elas está a Lei Europeia de Inteligência Artificial (IA), que entrou em vigor neste ano. Este marco regulatório sujeita sistemas de IA de alto risco a regras rigorosas, com multas de até 7% do faturamento anual em caso de violação. Embora tenha sido elogiada pelo ex-Comissário Thierry Breton como um “padrão global de IA confiável”, a legislação tem gerado preocupação no setor empresarial, que a considera excessivamente cautelosa.

Setor de seguros em dúvida sobre a Lei de IA

Frédéric de Courtois destacou que o setor de seguros, onde a IA desempenha um papel crítico, enfrenta dificuldades para implementar as regras da nova lei. “Não faço ideia de como implementar a Lei da IA”, disse o executivo, que também preside o grupo de lobby Insurance Europe. Ele argumenta que princípios gerais seriam mais eficazes do que uma abordagem prescritiva, como o documento atual de 144 páginas.

Para de Courtois, áreas como precificação, processamento de sinistros e subscrição de seguros poderiam se beneficiar da IA, desde que as preocupações sobre viés algorítmico e privacidade fossem tratadas de forma menos restritiva. “Devemos garantir que não regulamentamos antes de inovar”, alertou.

Desafios climáticos e regulamentações financeiras

A simplificação de regulamentações financeiras também é vista como essencial pelo executivo, especialmente aquelas que exigem que as empresas descrevam o impacto ambiental de suas cadeias de suprimentos. Embora reconheça que as mudanças climáticas representam “a maior ameaça que enfrentamos”, de Courtois aponta que a carga regulatória excessiva pode dificultar a inovação e os investimentos necessários para enfrentar este desafio.

As seguradoras, frequentemente expostas a custos elevados decorrentes de eventos climáticos extremos, como inundações, estão particularmente preocupadas com a falta de flexibilidade nas regulamentações atuais. O setor clama por políticas que incentivem a inovação, ao mesmo tempo que enfrentem as questões climáticas de maneira pragmática.

Uma Europa mais ágil?

Pouco antes de ser confirmada para o segundo mandato com 370 votos a favor e 282 contra, von der Leyen comprometeu-se a reduzir o excesso de regulamentações e tornar as leis europeias mais simples e ágeis. Essa promessa poderá determinar o futuro do bloco no cenário global, especialmente em um contexto de crescente competição com economias mais dinâmicas, como a dos Estados Unidos.

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