O Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) propôs medidas drásticas para limitar o domínio da Google sobre o mercado de buscas na internet. Entre as sugestões estão o encerramento de sua parceria com a Apple, a disponibilização de dados proprietários para concorrentes e anunciantes, e a venda do navegador Chrome, que atualmente detém mais da metade do mercado nos EUA. Além disso, o governo quer aprovar qualquer comprador do Chrome e impedir a Google de lançar um novo navegador ou investir em concorrentes de busca e tecnologia de anúncios por um período de cinco a dez anos.
Contexto e Motivações
O caso antitruste contra a Google começou em 2020, sob a administração Trump, e continuou com o governo Biden. As acusações apontam que a empresa utilizou práticas anticompetitivas para manter sua posição dominante no mercado de buscas, suprimindo o acesso dos consumidores a outros provedores. Além disso, o DOJ moveu outra ação acusando a empresa de monopolizar tecnologias de anúncios digitais.
Medidas Propostas
- Fim de parcerias e controle de navegadores
A Google teria que encerrar acordos com empresas como a Apple, que recebe bilhões para manter o Google como buscador padrão no iPhone, e ceder o controle do Chrome a uma entidade neutra. - Compartilhamento de dados
A empresa precisaria fornecer acesso ao seu índice de buscas e dados coletados sobre os usuários para ajudar concorrentes a competir em igualdade de condições. - Restrição de monopólio
A Google seria impedida de favorecer seus próprios produtos, como a integração com seu chatbot de IA, Gemini, e serviços como Google Docs. - Incentivos a usuários e concorrentes
Propostas incluem pagamentos temporários para usuários que escolham buscadores não ligados à Google, além de um maior acesso ao mercado de publicidade para concorrentes. - Ações regulatórias
O DOJ propôs a criação de um comitê técnico independente para monitorar o cumprimento das obrigações e medidas de longo prazo para fomentar a inovação no mercado de buscas.
Reação da Google e análise do mercado
A Google classificou as medidas como “extremas” e “intervencionistas”, alegando que prejudicariam não apenas suas operações, mas também a privacidade e segurança de seus usuários. Ex-executivos da empresa expressaram ceticismo sobre a eficácia das propostas, destacando que o domínio da Google resulta de sua infraestrutura tecnológica superior, integração de serviços como Maps e anos de confiança dos consumidores.
Concorrentes, como a DuckDuckGo, veem as medidas como um impulso para a inovação e a competição. Especialistas também apontam que mudanças como a maior escolha de buscadores poderiam beneficiar consumidores, mas ressaltam que a Google ainda detém vantagens estruturais difíceis de superar.
As medidas, se aplicadas, podem mudar o mercado de buscas e criar espaço para alternativas inovadoras, como modelos mais interativos de IA semelhantes ao ChatGPT. No entanto, o caso pode se arrastar por anos devido a recursos judiciais, o que significa que o cenário de buscas poderá evoluir naturalmente antes mesmo da implementação de qualquer ordem judicial.
O resultado deste caso, esperado para 2025, determinará não apenas o futuro da Google, mas também o equilíbrio entre inovação e regulamentação no mercado de tecnologia.