2025 promete redefinir a geopolítica da inteligência artificial

O ano de 2025 está prestes a marcar uma virada no debate global sobre inteligência artificial (IA) e geopolítica, à medida que líderes mundiais começam a perceber que a tecnologia não precisa ser uma disputa, mas uma oportunidade de cooperação. Nos últimos anos, o discurso em torno da IA oscilou entre entusiasmo e temor, muitas vezes distorcendo as prioridades políticas e fomentando o chamado nacionalismo tecnológico.

O nacionalismo em IA e suas origens

Desde 2017, quando o presidente chinês Xi Jinping anunciou o plano da China para se tornar uma superpotência em IA até 2030, a tecnologia passou a ocupar o centro das estratégias geopolíticas. A ambição chinesa de liderar a inovação tecnológica gerou uma resposta contundente dos Estados Unidos. Medidas como a Lei CHIPs e Ciência de 2022, que restringe a exportação de semicondutores à China, exemplificam o esforço americano para conter o avanço tecnológico chinês.

Esse clima de disputa se intensificou em 2024, quando o governo Biden emitiu um decreto ampliando as restrições de investimento em IA na China. A narrativa que permeia essas ações retrata a IA como uma arena de competição global, em vez de uma ferramenta para resolver problemas coletivos.

Uma mudança no horizonte

Apesar dessa postura combativa, 2025 deve marcar o início de uma abordagem mais colaborativa. As lições da Guerra Fria mostram que a diplomacia pode transformar disputas tecnológicas em oportunidades de progresso comum.

Durante aquele período, os EUA lideraram esforços para evitar a militarização do espaço, culminando em tratados que garantiram sua utilização para fins pacíficos, algo que oscilou bastante posteriormente, e sobretudo após o fim da União Soviética, quando os EUA puderam deixar de lado algumas boas práticas propostas por ele mesmo. Ainda assim, viveu-se por um período relativa pacificidade em discussões relacionadas ao setor.

O AI Summit de 2025, liderado pelo presidente francês Emmanuel Macron, reflete essa mudança de perspectiva. Macron, que já destacou a importância de soluções práticas e padrões globais em discursos recentes, propõe um debate que vá além das questões de segurança e explore como a IA pode beneficiar a sociedade de forma tangível.

A inclusão como prioridade

Outra peça fundamental dessa transformação é a ação da ONU, ainda que a entidade termine o ano com muito menos prestígio do que tinha quando o ano começou. Reconhecendo que muitos países foram deixados à margem do debate sobre IA, a organização apresentou em 2024 um plano para promover uma abordagem mais inclusiva e global. Essa iniciativa busca garantir que nações com menos recursos tecnológicos tenham voz nas decisões sobre o futuro da IA.

Ao mesmo tempo, EUA e China começaram a explorar uma diplomacia tímida, estabelecendo um canal bilateral de consultas sobre IA. Embora os impactos concretos dessa iniciativa ainda sejam incertos, ela indica um desejo inicial de diálogo entre as maiores potências tecnológicas do mundo.

De uma disputa a um esforço coletivo

Se 2023 e 2024 foram marcados por uma retórica de “corrida armamentista” em torno da IA, 2025 promete reposicionar a tecnologia como um campo de colaboração. O momento é crucial para redefinir a narrativa, passando de uma competição polarizada para uma visão global que valorize a diplomacia e o progresso compartilhado.

Essa mudança não será imediata, nem deverá marcar uma evolução responsável da IA, nem apresentar um panorama global isento de desafios, mas os primeiros passos já estão sendo dados. Em um mundo cada vez mais interconectado, o futuro da inteligência artificial não pode ser moldado por fronteiras, mas por esforços coletivos que garantam seus benefícios para todos.

Meta AI será utilizada pelo exército estadunidense

Meta anunciou que permitirá que agências governamentais dos EUA e seus contratados utilizem seu modelo de IA de código aberto, Llama, para “aplicações de segurança nacional”. A empresa está colaborando com Amazon, Microsoft, IBM, Lockheed Martin, Oracle e outras para disponibilizar o Llama ao governo.

Embora a política de uso aceitável da Meta proíba o uso do Llama 3 para “aplicações militares, bélicas, nucleares ou de espionagem”, a empresa esclareceu que essa atualização permite que os militares dos EUA utilizem o Llama para tarefas como “simplificar logística e planejamento complexos, rastrear financiamento de terroristas ou fortalecer nossas defesas cibernéticas”.

A Meta afirmou que a Oracle já começou a usar o Llama para “sintetizar” documentos de manutenção, auxiliando técnicos de aeronaves em reparos, enquanto a Lockheed Martin está empregando o modelo para gerar código e analisar dados.

Recentemente, a Reuters informou que pesquisadores chineses utilizaram o modelo Llama 2 da Meta para desenvolver um sistema de IA para uso militar. Em resposta, um porta-voz da Meta afirmou que “o suposto papel de uma versão única e desatualizada de um modelo americano de código aberto é irrelevante quando sabemos que a China já está investindo mais de um trilhão de dólares para superar os EUA em IA”.

A Meta enfatizou a importância de os EUA liderarem a corrida pela IA, afirmando que é do “interesse tanto da América quanto do mundo democrático mais amplo que modelos de código aberto americanos se destaquem e superem modelos da China e de outros lugares”.

Outras empresas de IA também estão se envolvendo com o setor militar. O The Intercept revelou que o Comando Africano dos EUA adquiriu serviços de computação em nuvem da Microsoft, oferecendo acesso às ferramentas da OpenAI. Além disso, o Google DeepMind possui um contrato de computação em nuvem com o governo israelense.

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