Seth Meyers critica presença de bilionários da tecnologia na posse de Trump

Assim como outros apresentadores de programas noturnos, como Jon Stewart e Stephen Colbert, Seth Meyers analisou a posse de Donald Trump, realizada na última segunda-feira. Durante sua abordagem, Meyers destacou a presença de bilionários do setor de tecnologia na cerimônia, que acabou sendo transferida para o interior do Capitólio devido às baixas temperaturas.

Bilionários no centro das atenções

Meyers exibiu uma imagem dos principais executivos da tecnologia que marcaram presença na posse, incluindo o CEO da Tesla e SpaceX, Elon Musk, o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, o CEO da Alphabet e Google, Sundar Pichai, e o fundador da Amazon, Jeff Bezos. Ele ironizou a decisão de Trump de realocar a cerimônia para dentro do Capitólio, onde apenas a elite teve acesso, enquanto seus apoiadores ficaram do lado de fora, enfrentando temperaturas congelantes. Muitos deles buscaram abrigo e uma chance de acompanhar o evento na Capital One Arena, no centro de Washington, ou simplesmente enfrentaram o frio intenso, como destacou a France 24.

Crítica ao elitismo na posse

“Os apoiadores de Trump ficaram no frio enquanto ele oferecia assentos VIP quentinhos para os oligarcas da tecnologia”, brincou Meyers, introduzindo uma nova seção em seu programa chamada “Preciso mesmo explicar essa metáfora?”. O apresentador destacou o contraste entre a base de eleitores de Trump e os bilionários presentes no evento, sugerindo que a decisão de priorizar os executivos de tecnologia exemplifica a desconexão entre as promessas populistas do ex-presidente e suas ações.

A crítica de Meyers reflete o sentimento de muitos americanos que veem as elites empresariais se beneficiando do acesso privilegiado ao poder, enquanto os eleitores comuns, especialmente os da classe trabalhadora, são frequentemente deixados de lado.

X/Twitter, Facebook e Instagram assinam novo Código de Conduta da UE contra discurso de ódio

Meta, Google, TikTok e X assumiram um compromisso com legisladores europeus para intensificar esforços na prevenção e remoção de discursos de ódio ilegais em suas plataformas. A Comissão Europeia incorporou um conjunto revisado de compromissos voluntários ao Digital Services Act (DSA) na última segunda-feira, buscando ajudar as empresas a demonstrar conformidade com as obrigações da legislação em relação à moderação de conteúdo ilegal.

Quem aderiu ao compromisso?

Diversas plataformas assinaram o “Código de Conduta para Combate ao Discurso de Ódio Ilegal Online Plus”, incluindo:

  • Facebook
  • Instagram
  • TikTok
  • Twitch
  • X (antigo Twitter)
  • YouTube
  • Snapchat
  • LinkedIn
  • Dailymotion
  • Jeuxvideo.com
  • Rakuten Viber
  • Serviços de consumo hospedados pela Microsoft

O código revisado, que expande a versão original lançada em 2016, compromete as empresas signatárias a aumentar a transparência no processo de detecção e redução do discurso de ódio, permitindo que monitores independentes avaliem como as notificações de discurso de ódio são analisadas. Além disso, as plataformas se comprometeram a revisar pelo menos dois terços das notificações de discurso de ódio em até 24 horas.

Declarações e impacto esperado

O comissário europeu Michael McGrath afirmou que o discurso de ódio e a polarização representam ameaças aos valores e direitos fundamentais da União Europeia, além de prejudicarem a estabilidade democrática. Segundo ele, a internet tem amplificado esses efeitos negativos, e a implementação do novo código de conduta busca garantir uma resposta eficaz a esse problema.

Caráter voluntário e desafios

Apesar dos esforços da UE, esses códigos de conduta são voluntários, o que significa que as empresas não enfrentam penalidades caso decidam sair do acordo. Um exemplo disso ocorreu em 2022, quando Elon Musk retirou a X (antigo Twitter) do Código de Práticas de Desinformação, conforme relatado pela BBC.

Embora o compromisso seja uma iniciativa positiva para combater o discurso de ódio, a ausência de consequências legais para quem o descumprir levanta dúvidas sobre sua efetividade a longo prazo, especialmente considerando que empresas podem priorizar seus interesses comerciais em detrimento de tais compromissos voluntários.

A expectativa agora é de que o DSA, que é legalmente vinculante, possa incorporar alguns desses princípios, criando um ambiente de maior responsabilização para as grandes plataformas digitais.

Google rejeita compromisso com verificação de fatos exigida pela União Europeia

Após o anúncio de Mark Zuckerberg de que a Meta deixará de realizar verificações de fatos, o Google também sinalizou sua posição à União Europeia (UE): a gigante da tecnologia decidiu não aderir à nova legislação que exige sistemas de checagem de informações.

Diferente de outras empresas que podem estar ajustando suas políticas para ganhar apoio político, o caso do Google é distinto. A empresa nunca implementou ferramentas robustas de verificação de fatos em seus produtos de busca ou na plataforma YouTube. Assim, sua decisão não representa uma retirada de compromisso, mas sim uma recusa em avançar nessa direção.

A decisão foi formalizada em uma carta de Kent Walker, presidente de assuntos globais do Google, enviada a Renate Nikolay, comissária de conteúdo e tecnologia da Comissão Europeia. O documento, obtido pelo site Axios, expressa a recusa do Google em aderir ao Código de Práticas contra a Desinformação da UE.

Esse código exigiria que o Google desenvolvesse mecanismos de verificação de fatos tanto no algoritmo de busca quanto no YouTube. Embora a adesão fosse voluntária, plataformas como Meta, Google e até o Twitter (antes da aquisição por Elon Musk) já haviam se comprometido anteriormente. No entanto, segundo o The Verge, a European Fact-Checking Standards Network (EFCSN) constatou que muitas dessas empresas estavam descumprindo seus compromissos.

O código foi criado antes da implementação da Lei de Serviços Digitais (DSA) em 2022, uma regulamentação legalmente vinculativa. Agora, há expectativa sobre como elementos do código de desinformação poderão ser incorporados à DSA e como as grandes empresas de tecnologia reagirão.

Na carta, o Google afirmou que pretende se retirar de todos os compromissos de verificação de fatos previstos no código antes que ele se transforme em um Código de Conduta da DSA.

FBI alega ter removido malware PlugX de milhares de computadores nos EUA

O FBI realizou uma operação de grande escala para eliminar o malware PlugX de aproximadamente 4.200 computadores nos Estados Unidos, conforme anunciou o Departamento de Justiça nesta terça-feira. O PlugX, uma ferramenta de espionagem digital associada a hackers patrocinados pelo governo chinês, tem sido utilizado desde 2012 para roubar informações confidenciais de vítimas nos EUA, Ásia e Europa.

O funcionamento do PlugX e a ameaça global

O malware PlugX, atribuído ao grupo chinês conhecido como “Mustang Panda” ou “Twill Typhoon”, infecta computadores por meio de portas USB e opera de forma discreta, permitindo que hackers acessem remotamente sistemas infectados e executem comandos. A partir de servidores de comando e controle (C2) com endereços IP incorporados no malware, os invasores conseguem acessar arquivos e informações dos dispositivos comprometidos.

De acordo com o FBI, desde setembro de 2023, pelo menos 45 mil endereços IP nos Estados Unidos se conectaram a esses servidores controlados pelos hackers, demonstrando a amplitude da campanha de infecção.

A estratégia do FBI para eliminar o malware

Em uma ação coordenada com as autoridades francesas, que também conduziram uma operação semelhante, o FBI conseguiu acesso ao servidor de comando e controle do PlugX. Utilizando a mesma vulnerabilidade explorada pelos cibercriminosos, o FBI enviou um comando nativo para os computadores infectados com o objetivo de:

  1. Excluir arquivos criados pelo PlugX.
  2. Interromper a execução do aplicativo malicioso.
  3. Deletar o próprio malware após sua desativação.

Essa abordagem permitiu ao FBI desativar o PlugX sem a necessidade de interação direta com os usuários afetados.

Embora eficaz, a estratégia do FBI de acessar sistemas sem o consentimento dos usuários levanta questões sobre privacidade e os limites legais dessas ações. A operação reacende debates sobre o equilíbrio entre segurança cibernética e os direitos individuais em um cenário onde ameaças digitais transnacionais exigem respostas rápidas e coordenadas.

Bilhões em investimentos não garantem internet para comunidades indígenas nos EUA

Em 2020, durante a pandemia, o governo federal dos EUA reconheceu a desigualdade digital que afetava milhões de americanos e prometeu investimentos para expandir o acesso à internet, especialmente em comunidades indígenas. A resposta incluiu subsídios tecnológicos e um financiamento histórico para infraestrutura de banda larga. Parte desse recurso foi direcionada à solução das lacunas de conexão em áreas indígenas, problema que persiste há décadas.

Mesmo com esses investimentos, o cenário pouco mudou. Dados recentes mostram que apenas 71% das residências indígenas têm acesso à banda larga, contra 90% da média nacional, segundo o Censo dos EUA. O acesso à internet de alta velocidade é considerado um determinante social de saúde e um pilar essencial para educação, crescimento econômico e inclusão digital, de acordo com a Casa Branca.

Segundo o American Indian Policy Institute (AIPI), 18% dos residentes de reservas indígenas não têm acesso à internet, enquanto 33% dependem exclusivamente de smartphones. Estudo de 2023 identificou que a velocidade de download nas áreas tribais é 75% mais lenta do que em regiões vizinhas não indígenas, com preços de serviços básicos 11% mais altos. Essa disparidade compromete o acesso a serviços essenciais, como benefícios sociais, segundo o Center for Retirement Research.

Apesar dos bilhões destinados a programas como o Affordability Connectivity Program e o Tribal Broadband Connectivity Program, os resultados ainda são limitados. Segundo Matthew Rantanen, especialista em conectividade indígena, projetos de fibra óptica levam anos para serem implementados devido a processos burocráticos, como aprovação de direitos de passagem e consultas com órgãos federais.

Empresas privadas, como a AT&T, têm firmado parcerias com comunidades indígenas. A operadora lançou projetos de conexão com a San Pasqual Band of Mission Indians, oferecendo banda larga de até 5GB para 500 residentes. No entanto, a dependência de empresas privadas levanta preocupações sobre soberania digital e privacidade de dados.

Para preservar o controle sobre suas redes, líderes indígenas têm investido em projetos próprios. O Tribal Digital Village e o Tribal Broadband Bootcamp são exemplos de iniciativas que capacitam comunidades a construir e gerenciar suas infraestruturas digitais. O recém-lançado Center for Tribal Digital Sovereignty também apoia a definição de políticas de soberania digital.

Enquanto bilhões seguem sendo investidos, o progresso é lento e incerto. A possibilidade de mudanças políticas, como o retorno de Donald Trump à presidência, preocupa líderes indígenas quanto à continuidade do financiamento. Para Rantanen, é fundamental que comunidades indígenas assegurem seus recursos antes da próxima posse presidencial.

Chineses avaliam vender TikTok nos EUA para Elon Musk em meio a possível banimento

Em um desdobramento surpreendente, autoridades chinesas estão considerando vender as operações do TikTok nos Estados Unidos para ninguém menos que Elon Musk. A informação foi divulgada pela Bloomberg, que relatou que a possibilidade está sendo “avaliada” enquanto o TikTok se aproxima de um possível banimento nos EUA, previsto para entrar em vigor em 19 de janeiro.

A controladora do TikTok, a chinesa ByteDance, tentou impedir a proibição por meio de ações legais, mas até agora não obteve sucesso. Para evitar o banimento, a ByteDance precisaria encontrar um comprador para a divisão americana do TikTok, já que a administração do presidente Joe Biden considera a influência do governo chinês sobre a plataforma um risco à segurança nacional.

É nesse cenário que Musk surge como possível comprador. Segundo a Bloomberg, autoridades de Pequim “preferem fortemente” manter o TikTok sob o controle da ByteDance, mas caso isso não seja viável, vender a operação para Musk, integrando-a à marca X, seria uma alternativa. Ainda não há confirmação de que houve conversas concretas entre Musk e a ByteDance, e oficialmente o governo chinês só controla a subsidiária chinesa Douyin, sem influência direta nas operações internacionais da empresa.

Em abril do ano passado, Musk afirmou publicamente que o TikTok não deveria ser banido nos EUA, mesmo reconhecendo que uma proibição poderia beneficiar a plataforma X/Twitter. Para ele, o banimento seria contrário à liberdade de expressão. Curiosamente, o ex-presidente e presidente eleito Donald Trump, que mantém uma boa relação com Musk, também declarou recentemente querer manter o TikTok ativo.

Musk adquiriu a X (antigo Twitter) em outubro de 2022 por US$ 44 bilhões, após uma negociação turbulenta. Desde então, a plataforma tem enfrentado uma queda na base de usuários e uma forte redução nas receitas publicitárias.

Ainda não está claro como uma possível aquisição do TikTok por Musk aconteceria ou se a venda será pública. Existe a possibilidade de que a negociação ocorra discretamente entre a China e a ByteDance. Vale lembrar que Musk não é o único interessado na plataforma. A Microsoft tentou comprar o TikTok anteriormente, mas não teve sucesso.

Meta é acusada de usar livros pirateados para treinar IA com aval de Mark Zuckerberg

Um grupo de autores, incluindo o escritor Ta-Nehisi Coates e a comediante Sarah Silverman, entrou com um processo contra a Meta, alegando que o CEO Mark Zuckerberg autorizou o uso de obras protegidas por direitos autorais para treinar modelos de inteligência artificial da empresa. A ação, registrada na Califórnia e tornada pública nesta quarta-feira (10), acusa a Meta de utilizar o LibGen, um repositório russo conhecido por hospedar livros pirateados, no treinamento do Llama AI.

De acordo com documentos judiciais, a Meta admitiu ter removido “todos os parágrafos de direitos autorais do início e do fim” de artigos científicos, uma prática que, segundo a denúncia, foi adotada para ocultar o uso de materiais protegidos. A empresa temia que a divulgação dessas práticas prejudicasse suas negociações com órgãos reguladores. Em um dos trechos do processo, destaca-se a preocupação interna: “Cobertura da mídia sugerindo que utilizamos um banco de dados que sabemos ser pirateado, como o LibGen, pode enfraquecer nossa posição de negociação com reguladores.”

A revelação surge em meio à expansão da Meta no campo da inteligência artificial, com a integração crescente do Llama AI em seus aplicativos e serviços. Recentemente, Zuckerberg também anunciou mudanças polêmicas nas políticas da empresa, como a substituição de verificadores de fatos por Community Notes, o afrouxamento de restrições contra discursos discriminatórios e o aumento da veiculação de conteúdos políticos no Instagram e no Threads.

Essas acusações aumentam a pressão sobre a Meta, que já enfrenta críticas sobre práticas éticas e o uso de dados em suas tecnologias. O caso reacende o debate sobre os limites legais e morais no desenvolvimento de inteligência artificial, especialmente no uso de conteúdo protegido por direitos autorais.

As personalidades mais perigosas da internet em 2024 segundo a revista Wired

A evolução da internet sempre foi marcada por uma luta entre forças de controle e moderação, e aquelas que promovem a desordem. Em 2024, o lado do caos ganhou força, liderado por rostos já conhecidos: oligarcas, hackers patrocinados por estados, cibercriminosos e golpistas. Esses agentes não apenas persistiram, mas também ampliaram sua influência. A influente revista Wired publicou no início desta semana a sua lista de personalidades mais perigosas da internet ao longo de 2024, contendo de candidatos eleitos a bilionários que participaram ativamente do debate público.

Elon Musk

Musk usou sua plataforma X (antigo Twitter) para amplificar desinformação e narrativas polarizadoras. Entre as ações mais prejudiciais, estão a disseminação de falsas alegações sobre a FEMA e a publicação de deepfakes. Sua influência ressalta os perigos de concentrar o poder midiático nas mãos de bilionários.

Donald Trump

Trump retomou sua influência política por meio de campanhas digitais recheadas de desinformação. Alegações falsas, como as de que imigrantes estavam consumindo recursos essenciais dos EUA, ajudaram a inflamar divisões. Com sua reeleição iminente, espera-se que sua influência digital aumente ainda mais.

Volt Typhoon

O grupo de hackers patrocinado pelo estado chinês se infiltrou em infraestruturas críticas nos EUA, preparando possíveis ataques cibernéticos. Suas ações destacam os riscos de um futuro conflito envolvendo Taiwan.

Sandworm

O grupo russo Sandworm continuou seus ataques cibernéticos devastadores, especialmente na Ucrânia. Suas ações, como ataques a redes de energia, mostram como o ciberespaço é usado como arma em conflitos modernos.

Forças militares e inteligência de Israel

Israel utilizou ferramentas de IA para identificar alvos em Gaza, resultando em milhares de mortes civis. Além disso, ataques à infraestrutura de comunicação e estratégias como armadilhas em dispositivos de comunicação ilustram os perigos do uso de tecnologia avançada em guerras.

Black Cat/AlphV/RansomHub

O ataque ao sistema de pagamentos da Change Healthcare, que paralisou pagamentos no setor de saúde dos EUA, demonstrou o impacto devastador dos grupos de ransomware. Mesmo após um resgate milionário, os danos continuaram.

The Com

Essa rede de hackers jovens e trolls perpetuou crimes como extorsão sexual e assédio, evidenciando a persistência de grupos cibernéticos caóticos.

Corretoras de dados

Empresas de dados privados venderam informações sensíveis, como localização detalhada de usuários, expondo problemas sérios de privacidade. Vazamentos, como o da Near Intelligence, reforçam a necessidade de regulamentação nesse setor.

Character.AI

A startup de chatbots enfrentou acusações graves, incluindo casos de interação prejudicial com menores. Esse exemplo ressalta os riscos de ferramentas de IA mal regulamentadas.

Golpistas de criptomoedas

Esquemas de fraude baseados em criptomoedas cresceram globalmente, empregando até trabalhadores escravizados para aplicar golpes. A expansão dessa indústria ilícita é alarmante e mostra o lado sombrio das finanças digitais.


O que esperar de 2025?

O ano de 2024 foi marcado por instabilidade e perigos no ambiente digital. Esses agentes demonstraram o quanto a internet ainda é vulnerável e destacam a necessidade urgente de regulamentações e estratégias de contenção.

FTC abre investigação ampla contra a Microsoft por possíveis práticas anticompetitivas

A Federal Trade Commission (FTC) dos Estados Unidos está conduzindo uma investigação sobre as práticas de negócios da Microsoft, examinando se a gigante da tecnologia violou leis antitruste. A investigação, que inclui entrevistas com concorrentes da empresa, concentra-se em como a Microsoft integra seus produtos populares, como o pacote Office, com serviços de computação em nuvem e cibersegurança. Essa prática, conhecida como “bundling” (agrupamento), tem sido criticada por especialistas e rivais como uma estratégia que potencialmente sufoca a concorrência.

A controvérsia sobre os contratos governamentais

Um dos focos da investigação está nos contratos da Microsoft com o governo federal dos EUA. Em meio a crescentes preocupações com cibersegurança, a empresa ofereceu, a partir de 2021, atualizações gratuitas para pacotes de licenças que incluíam seus produtos de segurança cibernética mais avançados. Após o término do período gratuito, agências governamentais, incluindo o Departamento de Defesa, passaram a pagar por esses serviços. Essa estratégia resultou em um aumento substancial de negócios para a Microsoft, mas deslocou concorrentes de cibersegurança e serviços de nuvem, como a Amazon Web Services (AWS).

Críticos apontam que essa abordagem pode ter infringido leis de contratação pública e competição. Internamente, até mesmo advogados da Microsoft expressaram preocupações antitruste sobre os contratos, segundo uma reportagem do ProPublica.

Vulnerabilidades e preocupações com segurança

A investigação da FTC também examina incidentes anteriores que expuseram falhas de segurança em produtos da Microsoft. Durante o ataque SolarWinds, hackers russos exploraram uma vulnerabilidade em um produto da empresa para acessar dados sensíveis de órgãos governamentais, como a Administração Nacional de Segurança Nuclear. Documentos internos revelaram que um engenheiro da Microsoft havia alertado sobre essa falha anos antes, mas a empresa optou por não corrigir o problema, priorizando a experiência do usuário em detrimento da segurança.

O papel do Azure e das ferramentas de identidade

Outro ponto central da investigação é o impacto da Microsoft no mercado de computação em nuvem e ferramentas de identidade, como o Entra ID (anteriormente conhecido como Azure Active Directory). Essas ferramentas são críticas para autenticação de usuários e integração com outros serviços em nuvem, tornando-se um componente-chave na estratégia de negócios da Microsoft.

Histórico de controvérsias antitruste

A Microsoft já enfrentou processos antitruste no passado. Nos anos 1990, o Departamento de Justiça processou a empresa por práticas monopolistas relacionadas ao sistema operacional Windows. Embora a companhia tenha evitado um desmembramento, o caso resultou em restrições significativas sobre como ela poderia licenciar e desenvolver software.

O contexto político e o futuro da investigação

A investigação da FTC ocorre em um momento de transição política nos EUA. Com a saída da presidente da comissão, Lina Khan, e a iminente chegada de Andrew Ferguson como novo líder da FTC sob o governo Trump, há incertezas sobre o futuro da investigação. Ferguson declarou que planeja adotar uma postura dura contra as gigantes de tecnologia, prometendo “proteger a competição e a liberdade de expressão”.

Enquanto isso, a Microsoft confirmou ter recebido uma intimação da FTC, mas criticou o escopo do pedido, descrevendo-o como amplo e “fora do reino da lógica”. A agência, por sua vez, manteve silêncio sobre os detalhes do caso.

Implicações mais amplas

A investigação é mais um capítulo no escrutínio crescente sobre as práticas de empresas de tecnologia no mercado de computação em nuvem e cibersegurança. À medida que o setor continua a crescer, questões sobre competição justa, segurança de dados e contratos governamentais devem permanecer no centro dos debates regulatórios. A abordagem da FTC nesse caso poderá definir o tom para futuras ações contra gigantes como a Microsoft.

2025 promete redefinir a geopolítica da inteligência artificial

O ano de 2025 está prestes a marcar uma virada no debate global sobre inteligência artificial (IA) e geopolítica, à medida que líderes mundiais começam a perceber que a tecnologia não precisa ser uma disputa, mas uma oportunidade de cooperação. Nos últimos anos, o discurso em torno da IA oscilou entre entusiasmo e temor, muitas vezes distorcendo as prioridades políticas e fomentando o chamado nacionalismo tecnológico.

O nacionalismo em IA e suas origens

Desde 2017, quando o presidente chinês Xi Jinping anunciou o plano da China para se tornar uma superpotência em IA até 2030, a tecnologia passou a ocupar o centro das estratégias geopolíticas. A ambição chinesa de liderar a inovação tecnológica gerou uma resposta contundente dos Estados Unidos. Medidas como a Lei CHIPs e Ciência de 2022, que restringe a exportação de semicondutores à China, exemplificam o esforço americano para conter o avanço tecnológico chinês.

Esse clima de disputa se intensificou em 2024, quando o governo Biden emitiu um decreto ampliando as restrições de investimento em IA na China. A narrativa que permeia essas ações retrata a IA como uma arena de competição global, em vez de uma ferramenta para resolver problemas coletivos.

Uma mudança no horizonte

Apesar dessa postura combativa, 2025 deve marcar o início de uma abordagem mais colaborativa. As lições da Guerra Fria mostram que a diplomacia pode transformar disputas tecnológicas em oportunidades de progresso comum.

Durante aquele período, os EUA lideraram esforços para evitar a militarização do espaço, culminando em tratados que garantiram sua utilização para fins pacíficos, algo que oscilou bastante posteriormente, e sobretudo após o fim da União Soviética, quando os EUA puderam deixar de lado algumas boas práticas propostas por ele mesmo. Ainda assim, viveu-se por um período relativa pacificidade em discussões relacionadas ao setor.

O AI Summit de 2025, liderado pelo presidente francês Emmanuel Macron, reflete essa mudança de perspectiva. Macron, que já destacou a importância de soluções práticas e padrões globais em discursos recentes, propõe um debate que vá além das questões de segurança e explore como a IA pode beneficiar a sociedade de forma tangível.

A inclusão como prioridade

Outra peça fundamental dessa transformação é a ação da ONU, ainda que a entidade termine o ano com muito menos prestígio do que tinha quando o ano começou. Reconhecendo que muitos países foram deixados à margem do debate sobre IA, a organização apresentou em 2024 um plano para promover uma abordagem mais inclusiva e global. Essa iniciativa busca garantir que nações com menos recursos tecnológicos tenham voz nas decisões sobre o futuro da IA.

Ao mesmo tempo, EUA e China começaram a explorar uma diplomacia tímida, estabelecendo um canal bilateral de consultas sobre IA. Embora os impactos concretos dessa iniciativa ainda sejam incertos, ela indica um desejo inicial de diálogo entre as maiores potências tecnológicas do mundo.

De uma disputa a um esforço coletivo

Se 2023 e 2024 foram marcados por uma retórica de “corrida armamentista” em torno da IA, 2025 promete reposicionar a tecnologia como um campo de colaboração. O momento é crucial para redefinir a narrativa, passando de uma competição polarizada para uma visão global que valorize a diplomacia e o progresso compartilhado.

Essa mudança não será imediata, nem deverá marcar uma evolução responsável da IA, nem apresentar um panorama global isento de desafios, mas os primeiros passos já estão sendo dados. Em um mundo cada vez mais interconectado, o futuro da inteligência artificial não pode ser moldado por fronteiras, mas por esforços coletivos que garantam seus benefícios para todos.

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