Meta é acusada de usar livros pirateados para treinar IA com aval de Mark Zuckerberg

Um grupo de autores, incluindo o escritor Ta-Nehisi Coates e a comediante Sarah Silverman, entrou com um processo contra a Meta, alegando que o CEO Mark Zuckerberg autorizou o uso de obras protegidas por direitos autorais para treinar modelos de inteligência artificial da empresa. A ação, registrada na Califórnia e tornada pública nesta quarta-feira (10), acusa a Meta de utilizar o LibGen, um repositório russo conhecido por hospedar livros pirateados, no treinamento do Llama AI.

De acordo com documentos judiciais, a Meta admitiu ter removido “todos os parágrafos de direitos autorais do início e do fim” de artigos científicos, uma prática que, segundo a denúncia, foi adotada para ocultar o uso de materiais protegidos. A empresa temia que a divulgação dessas práticas prejudicasse suas negociações com órgãos reguladores. Em um dos trechos do processo, destaca-se a preocupação interna: “Cobertura da mídia sugerindo que utilizamos um banco de dados que sabemos ser pirateado, como o LibGen, pode enfraquecer nossa posição de negociação com reguladores.”

A revelação surge em meio à expansão da Meta no campo da inteligência artificial, com a integração crescente do Llama AI em seus aplicativos e serviços. Recentemente, Zuckerberg também anunciou mudanças polêmicas nas políticas da empresa, como a substituição de verificadores de fatos por Community Notes, o afrouxamento de restrições contra discursos discriminatórios e o aumento da veiculação de conteúdos políticos no Instagram e no Threads.

Essas acusações aumentam a pressão sobre a Meta, que já enfrenta críticas sobre práticas éticas e o uso de dados em suas tecnologias. O caso reacende o debate sobre os limites legais e morais no desenvolvimento de inteligência artificial, especialmente no uso de conteúdo protegido por direitos autorais.

Meta alcança valorização recorde após decisão judicial contra TikTok nos EUA

As ações da Meta Platforms continuaram sua trajetória ascendente na sexta-feira, subindo 2,4% e fechando em um recorde histórico. A alta foi impulsionada pela decisão de um tribunal federal de apelações que manteve a lei exigindo que a ByteDance, controladora do TikTok, venda o aplicativo ou enfrente uma proibição nos Estados Unidos.

Crescimento exponencial das ações da Meta

Com essa nova alta, a Meta acumula um aumento de 77% no valor de suas ações em 2024, após quase triplicar sua valorização em 2023. Isso eleva o valor de mercado da empresa para cerca de US$ 1,6 trilhão, consolidando-a como uma das gigantes da tecnologia.

O desempenho da Meta acompanha o crescimento de outras grandes empresas de tecnologia. A Amazon também atingiu um recorde histórico de fechamento na sexta-feira, enquanto o índice Nasdaq, alimentado pelos ganhos das grandes empresas de tecnologia, subiu 0,8% no dia e acumula 32% de alta no ano.

Meta e a nova administração Trump

Na semana passada, o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, participou de um jantar com o presidente eleito Donald Trump no resort Mar-a-Lago, na Flórida. Durante o evento, Zuckerberg apresentou os óculos equipados com câmeras Ray-Ban da empresa, sugerindo uma tentativa de se alinhar à nova administração.

A relação entre Zuckerberg e Trump tem sido marcada por controvérsias, mas o encontro indica que a Meta busca uma posição ativa no governo, especialmente considerando os desafios regulatórios e competitivos que a empresa enfrenta.

TikTok: um rival sob pressão

O TikTok, um dos principais concorrentes da Meta, tem cerca de 170 milhões de usuários nos EUA e conquistou popularidade, especialmente entre o público jovem. Em abril, o presidente Joe Biden assinou uma lei que exige que a ByteDance venda o TikTok. Caso contrário, empresas como Apple, Google e provedores de internet teriam que descontinuar o suporte ao aplicativo.

Na sexta-feira, um painel de três juízes do Tribunal de Apelações dos EUA em Washington, D.C., rejeitou o argumento do TikTok de que a lei viola a Primeira Emenda. O TikTok anunciou que pretende apelar à Suprema Corte, confiando na tradição da corte de proteger os direitos de liberdade de expressão dos americanos.

Estratégia de eficiência e inteligência artificial da Meta

A alta da Meta começou no final de 2022 e ganhou força em 2023, após Zuckerberg declarar o ano como o “ano da eficiência”. A empresa cortou cerca de 21 mil empregos e reconstruiu seus sistemas de publicidade com tecnologias de inteligência artificial.

No terceiro trimestre, a Meta relatou um aumento de 19% na receita em relação ao mesmo período do ano anterior, embora tenha alertado sobre um aumento significativo nos gastos com infraestrutura em 2025. Além disso, a empresa registrou 3,29 bilhões de “pessoas ativas diariamente” em suas plataformas no trimestre, um aumento de 5% em comparação ao ano anterior.

Zuckerberg destacou os investimentos da Meta em novos produtos e serviços de IA, que incluem grandes gastos em unidades de processamento gráfico da Nvidia e no desenvolvimento de centros de dados para suportar essa infraestrutura.

Avanços na IA e planos futuros

Na sexta-feira, Zuckerberg usou o aplicativo Threads para anunciar que o Meta AI atingiu quase 600 milhões de usuários mensais ativos e que a empresa em breve lançará a versão 3.3 do modelo de linguagem Llama, de código aberto. No entanto, ele não especificou como a Meta define um “usuário ativo mensal” para sua tecnologia de IA.

A Meta segue fortalecendo sua posição no mercado de tecnologia, diversificando suas operações e apostando em inovação com inteligência artificial, enquanto enfrenta a concorrência acirrada e os desafios regulatórios globais.

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