EUA anunciam novos padrões automotivos em busca de redução de gases de efeito estufa

Congestionamento em Los Angeles

Nos Estados Unidos, a administração Biden anunciou novos padrões automotivos que visam cortar pela metade as emissões de gases de efeito estufa até 2032, mas permitindo que as montadoras atinjam as metas em um ritmo mais lento do que o originalmente proposto.

Os novos padrões são menos rigorosos que a proposta anterior da Agência de Proteção Ambiental (EPA), que previa uma redução de emissões em mais de dois terços até 2032, de acordo com comparativo realizado pelo The Verge. A indústria automotiva e os sindicatos de trabalhadores argumentaram que o crescimento mais lento nas vendas de veículos elétricos (EVs) e a popularidade dos híbridos indicam que os consumidores ainda não estão prontos para a transição completa para veículos totalmente elétricos.

Sob as novas regras, as montadoras terão mais flexibilidade até 2029, mas precisarão acelerar a implementação a partir de 2030 para alcançar os níveis desejados pela EPA. As regras estabelecem padrões baseados na emissão de gramas de gases de efeito estufa por milha percorrida, mas não obrigam as montadoras a venderem exclusivamente EVs. Veículos híbridos também serão considerados para o cumprimento das metas.

Para veículos leves, como carros de passeio e SUVs, a meta é reduzir as emissões para 85 gramas por milha até 2032, contra os atuais 170 gramas por milha em 2027. Já para veículos médios, como caminhões, a redução será de 44%, chegando a 274 gramas por milha em 2032.

Benefícios e críticas

Segundo a EPA, essas medidas podem reduzir 7,2 bilhões de toneladas métricas de dióxido de carbono ao longo do programa, além de gerar benefícios de saúde avaliados em US$ 13 bilhões. A Casa Branca defende que os novos padrões representam um equilíbrio entre progresso ambiental e flexibilidade para a indústria, enquanto grupos ambientalistas argumentam que medidas mais agressivas são necessárias, dado que o setor de transporte é responsável por mais de 25% das emissões globais.

O aumento mais lento das vendas de EVs pesou nas decisões. As vendas desses veículos cresceram 47% em 2023, mas desaceleraram no final do ano devido a preços elevados e preocupações com infraestrutura de recarga. Por outro lado, as vendas de híbridos superaram o crescimento dos elétricos.

John Bozzella, presidente da principal associação de lobby da indústria automotiva, elogiou a abordagem mais gradual, afirmando que ela dá tempo para o mercado e as cadeias de suprimento se ajustarem. A administração Biden espera que as novas regras, combinadas com incentivos financeiros do Inflation Reduction Act, estimulem a adoção de EVs no longo prazo.

Contexto político

A disputa sobre padrões de emissões tem sido intensa nos últimos anos. Durante seu mandato, Donald Trump afrouxou as normas estabelecidas por Barack Obama, facilitando a produção de carros mais poluentes. Biden reverteu essas mudanças ao assumir a presidência e estabeleceu a meta de que metade das vendas de carros novos seja livre de emissões até 2030. No entanto, o cronograma da EPA para regulamentações adicionais foi adiado para após as eleições de novembro, o que pode deixar as regras em aberto caso Biden não seja reeleito.

Enquanto isso, Trump tem usado a questão dos veículos elétricos como um ponto de discordância, descrevendo-os como caros e pouco práticos. Apesar disso, a Casa Branca sustenta que os novos padrões manterão opções para os consumidores, equilibrando proteção ambiental, saúde pública e economia.

Segundo Ali Zaidi, conselheiro climático da Casa Branca, os padrões mostram a liderança dos EUA na crise climática, enquanto também impulsionam a competitividade da indústria automobilística americana.

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