Google rejeita compromisso com verificação de fatos exigida pela União Europeia

Após o anúncio de Mark Zuckerberg de que a Meta deixará de realizar verificações de fatos, o Google também sinalizou sua posição à União Europeia (UE): a gigante da tecnologia decidiu não aderir à nova legislação que exige sistemas de checagem de informações.

Diferente de outras empresas que podem estar ajustando suas políticas para ganhar apoio político, o caso do Google é distinto. A empresa nunca implementou ferramentas robustas de verificação de fatos em seus produtos de busca ou na plataforma YouTube. Assim, sua decisão não representa uma retirada de compromisso, mas sim uma recusa em avançar nessa direção.

A decisão foi formalizada em uma carta de Kent Walker, presidente de assuntos globais do Google, enviada a Renate Nikolay, comissária de conteúdo e tecnologia da Comissão Europeia. O documento, obtido pelo site Axios, expressa a recusa do Google em aderir ao Código de Práticas contra a Desinformação da UE.

Esse código exigiria que o Google desenvolvesse mecanismos de verificação de fatos tanto no algoritmo de busca quanto no YouTube. Embora a adesão fosse voluntária, plataformas como Meta, Google e até o Twitter (antes da aquisição por Elon Musk) já haviam se comprometido anteriormente. No entanto, segundo o The Verge, a European Fact-Checking Standards Network (EFCSN) constatou que muitas dessas empresas estavam descumprindo seus compromissos.

O código foi criado antes da implementação da Lei de Serviços Digitais (DSA) em 2022, uma regulamentação legalmente vinculativa. Agora, há expectativa sobre como elementos do código de desinformação poderão ser incorporados à DSA e como as grandes empresas de tecnologia reagirão.

Na carta, o Google afirmou que pretende se retirar de todos os compromissos de verificação de fatos previstos no código antes que ele se transforme em um Código de Conduta da DSA.

Como usuários o X/Twitter estão ficando milionários publicando notícias falsas

A BBC revelou, em uma reportagem publicada nesta terça-feira (29), como grupos de usuários do X, antigo Twitter, estão explorando falhas no sistema de monetização da plataforma para lucrar com a divulgação de notícias falsas.

Desde o lançamento do programa de monetização em julho de 2023, os usuários recebiam recompensas baseadas no alcance de suas postagens. Em outubro de 2024, as regras mudaram, passando a remunerar interações feitas por assinantes do X Premium.

Alguns usuários de contas monetizadas criaram um esquema coordenado para impulsionar as postagens uns dos outros, utilizando fóruns e aplicativos de mensagens para planejar a estratégia. Esse impulsionamento também envolve a disseminação de conteúdos falsos, incluindo posts que apoiam candidaturas como as de Donald Trump e Kamala Harris para as eleições de 2024 nos EUA. Embora essas contas não estejam oficialmente ligadas às campanhas, já teriam sido procuradas para divulgações pagas.

As publicações vão de conteúdos verdadeiros a desinformação e acusações sem fundamento, incluindo alegações de fraude eleitoral e acusações sérias contra candidatos, como pedofilia e abuso sexual.

O dono do perfil Freedom Uncut, um participante desse esquema, contou à BBC que fatura milhares de dólares por mês com suas postagens, que ele define como sátiras, afirmando ser apartidário, mas favorável à eleição de Trump. Ele admite que suas postagens, muitas vezes acompanhadas de imagens geradas por IA, são provocativas e “baseadas em alguma versão da realidade”.

Outro exemplo citado é a conta Brow Eyed Susan, que apoia abertamente Kamala Harris e compartilha um volume alto de publicações diariamente.

Atualmente, o X não monitora diretamente o conteúdo monetizado, ao contrário de plataformas como o YouTube. No entanto, posts podem ser desmonetizados se forem corrigidos pelas Notas da Comunidade, o que significa que conteúdos flagrantemente falsos podem ser impedidos de gerar receita. No entanto, essa moderação depende da ação da própria comunidade.

Essa prática de usar as Notas da Comunidade também levanta preocupações. Há temores de que grupos possam usar esse recurso para desmonetizar publicações legítimas de oponentes, prejudicando a integridade já bastante deteriorada da plataforma.

Sair da versão mobile