O limite entre compartilhamento e oversharing nos relacionamentos online

Criar um perfil em sites de encontros online pode parecer como criar um personagem no jogo The Sims. Você lista seus hobbies, se deseja ter filhos, seus hábitos de consumo de álcool ou cigarro, e outros detalhes pessoais que ficam expostos para potenciais parceiros. No entanto, quando a conversa evolui de conhecer alguém virtualmente para marcar um encontro presencial, surge a dúvida: quando o ato de compartilhar informações se torna um excesso?

Se expor nas redes sociais é uma coisa, mas, quando o objetivo é construir um relacionamento, quais são os limites do oversharing? Existe um momento em que compartilhar demais pode ser prejudicial?

Por que tendemos a compartilhar demais nas redes sociais?

Durante a cuffing season — período entre outubro e o Dia dos Namorados, em que muitas pessoas buscam relacionamentos —, é comum observar um aumento de casais nas redes sociais. Esse fenômeno tem raízes biológicas, como a queda nos níveis de serotonina nos meses mais frios, o que nos faz buscar conexão.

Mas será que estamos nos expondo demais em busca dessa conexão? Ser transparente sobre nossas experiências passadas é diferente de compartilhar excessivamente detalhes íntimos.

A experiência de Jasmine Denike com oversharing

A criadora de conteúdo Jasmine Denike ganhou notoriedade no TikTok com sua série sobre encontros em Londres. Inicialmente, Denike compartilhava abertamente detalhes sobre seus parceiros. Porém, após o fim de relacionamentos, percebeu o impacto negativo dessa exposição. “Ter que apagar fotos depois me fez repensar sobre manter meu relacionamento privado, mas não secreto“, afirma.

Embora tenha parado de compartilhar informações íntimas, ela ainda falava sobre seus sentimentos e atividades com o parceiro, expondo-se ao imprevisível algoritmo do TikTok. Mesmo assim, Denike considera seu relacionamento bastante reservado. A experiência online também aumentou sua confiança: “Fiquei mais confortável para me abrir porque já havia compartilhado essas histórias antes”.

Oversharing e o risco de compartilhar traumas

Compartilhar online é diferente de compartilhar com alguém que estamos conhecendo. A terapeuta Georgina Sturmer alerta sobre a necessidade de entender o motivo pelo qual sentimos vontade de dividir informações pessoais cedo demais. “Estamos esperando que o outro nos salve ou apenas testando se podemos confiar nele?”, questiona.

Sturmer destaca que o conteúdo postado online permanece indefinidamente, o que pode influenciar o modo como alguém nos percebe. Esse histórico digital pode remover as camadas iniciais e sutis de conhecimento mútuo necessárias para construir uma relação sólida.

Já a psicóloga Dr. Carolyn Keenan aponta a importância de encontrar um equilíbrio entre compartilhar e proteger a própria vulnerabilidade. Ela menciona o conceito de “trauma sharing”, que ocorre quando alguém compartilha traumas cedo demais, criando uma falsa sensação de intimidade.

“Relacionamentos mais saudáveis se constroem com base em experiências positivas e valores compartilhados, não apenas em traumas”, explica Keenan.

O fenômeno do “Cobwebbing” nos relacionamentos

O especialista em relacionamentos da Tinder, Paul Brunson, descreve o conceito de “cobwebbing”, que incentiva as pessoas a deixarem o passado para trás para se abrirem a novas conexões. “Manter laços com experiências e objetos do passado pode nos impedir de criar conexões genuínas”, afirma.

Quando é o momento certo para se abrir?

Compartilhar aspectos profundos do passado cedo demais pode ser visto como vulnerabilidade excessiva ou até trauma dumping. No entanto, Brunson acredita que discutir experiências difíceis pode fortalecer o vínculo entre o casal. “A vulnerabilidade cria intimidade emocional, essencial para uma base sólida no relacionamento”, diz.

Porém, ele alerta para a importância de respeitar o tempo do outro e focar no presente. “O parceiro ideal se interessa mais pelo seu futuro do que pelo seu passado.”

Nas redes sociais, a falta de resposta imediata pode dar a falsa sensação de segurança. Mas compartilhar experiências cara a cara exige coragem. Brunson recomenda priorizar o autocuidado e a cura emocional, evitando usar redes sociais ou novas relações como fuga.

“Concentre-se no presente e construa conexões baseadas em interações positivas atuais, não em vínculos passados”, aconselha.

Aitana Lopez, influenciadora criada por IA, desafia ética e padrões de beleza no Instagram

Aitana Lopez, uma influenciadora e modelo gerada por inteligência artificial, está revolucionando o mercado publicitário enquanto alimenta discussões sobre ética e padrões de beleza. Criada pela agência espanhola The Clueless, Aitana acumula mais de 330 mil seguidores no Instagram e gera milhares de dólares em contratos com marcas esportivas e de nutrição.

O visual de Aitana Lopez, cuidadosamente projetado para parecer uma jovem saudável apaixonada por fitness, reflete o arquétipo de perfeição hollywoodiana, mas sua existência fictícia tem despertado críticas e preocupações.

A criação de Aitana, apresentada como uma solução inovadora para campanhas publicitárias, demonstra o poder da inteligência artificial generativa. Durante uma sessão de produção acompanhada pela BBC, a agência mostrou como Aitana é inserida em locações reais com poucos cliques, substituindo pessoas reais por sua imagem virtual.

A agência The Clueless tira fotos em uma locação para inserir Aitana posteriormente

O processo envolve a geração de diversas versões de Aitana em diferentes poses e roupas, resultando em conteúdos visualmente realistas que imitam o estilo de vida glamouroso típico de influenciadores.

Embora o perfil da modelo seja rotulado como criação de IA no Instagram, as imagens individuais não trazem essa identificação. Isso levanta questões éticas, especialmente porque Aitana promove produtos relacionados ao bem-estar e à nutrição, sugerindo um estilo de vida que ela, por definição, não vive (aliás, ela não vive, seja adotando qualquer que seja o lifestyle).

A agência argumenta que a prática não é diferente do uso de filtros e retoques por influenciadores humanos, apontando que a publicidade tradicional frequentemente apresenta um ideal de perfeição inatingível.

Por outro lado, críticos como Danae Mercer, influenciadora americana focada no amor-próprio, alertam que modelos como Aitana podem reforçar padrões de beleza irrealistas, especialmente entre adolescentes que podem não perceber que estão interagindo com criações artificiais. Mercer ressalta que essas influenciadoras virtuais são “realistas o suficiente” para enganar, perpetuando comparações prejudiciais e expectativas inalcançáveis.

A discussão se intensifica com o crescente número de modelos gerados por IA no Instagram, muitos dos quais apresentam imagens altamente sexualizadas voltadas para o público masculino. Apesar disso, a The Clueless afirma estar experimentando com modelos mais diversas, mas admite que estas não têm sido tão populares entre seguidores ou marcas.

A ascensão de influenciadoras virtuais como Aitana não apenas transforma o mercado publicitário, mas também desafia nossa percepção de autenticidade e transparência nas redes sociais. Além disso, coloca em cheque a própria ocupação do influencer, que passa a ser substituível por alguns comandos em uma inteligência artificial. Marcas continuarão pagando pela propaganda gerada por influencers se puderem elas próprias criarem seus influenciadores sob medida?

À medida que essa tecnologia evolui, o debate sobre seus impactos éticos e sociais só tende a crescer.

2024: um ano de ativismo digital e impacto cultural de uma contracultura confusa

2024 foi marcado por uma crescente politização do espaço digital. Um dos destaques do ano foi a amplificação sem precedentes do movimento pró-Palestina, que ganhou força desde os ataques de 7 de outubro de 2023. Jovens ativistas e celebridades transformaram suas plataformas online em palcos para chamar a atenção sobre a crise humanitária nos territórios ocupados. Ferramentas como o TikTok foram usadas de forma criativa, como na “Operation Watermelon”, que manipulou algoritmos para manter o foco no conflito de Gaza.

Enquanto isso, jornalistas cidadãos como Bisan Owda e Medo Halimy emergiram como figuras centrais no fornecimento de informações e imagens, destacando também as limitações e preconceitos das plataformas sociais, que foram acusadas de censurar vozes palestinas.

A luta para salvar o TikTok

O TikTok enfrentou novas tentativas de proibição nos Estados Unidos, desta vez culminando em uma lei assinada pelo presidente Joe Biden, que exigiu a venda da plataforma ou seu banimento a partir de janeiro de 2025. Campanhas massivas de usuários e organizações civis tentaram reverter a decisão, argumentando que a proibição violava direitos de liberdade de expressão. A questão agora aguarda um veredito da Suprema Corte.

Uma era de boicotes digitais

Estratégias tradicionais de boicote ganharam nova vida no ambiente digital, muitas vezes inspiradas pelo movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções). Listas de empresas e celebridades a serem boicotadas viralizaram, com diferentes graus de eficácia. Esses movimentos refletiram uma conscientização coletiva sobre como o engajamento online pode ser transformado em ação política tangível.

Redes sociais no centro das atenções

O impacto das redes sociais em causas sociais e políticas também foi amplamente debatido. Movimentos como o #Blockout2024, que incentivava o bloqueio de celebridades durante eventos como o Met Gala, mostraram como os usuários estão usando suas interações como forma de protesto. Paralelamente, a plataforma X, anteriormente Twitter, perdeu milhões de usuários em meio a controvérsias relacionadas ao proprietário Elon Musk, levando muitos a migrarem para alternativas como Bluesky.

Eleições e ativismo nos Estados Unidos

O ciclo eleitoral de 2024 nos Estados Unidos trouxe exemplos poderosos de como as redes sociais podem ser usadas para mobilizar eleitores. Campanhas como “Swifties for Kamala” e ações coordenadas por grupos como #WinWithBlackWomen mostraram o impacto de comunidades digitais na arrecadação de fundos e engajamento político. Após as eleições, estados aprovaram medidas significativas, como a inclusão de direitos ao aborto em constituições estaduais, e figuras progressistas, como Sarah McBride, alcançaram marcos históricos.

Um novo despertar digital

O ano de 2024 deixou claro que os usuários de plataformas digitais não estão mais dispostos a aceitar passivamente as decisões de poderosos. Seja em conflitos internacionais, seja em disputas políticas locais, o ativismo online provou ser uma ferramenta essencial para promover mudanças e responsabilizar líderes, ainda que isso se dê – com alguma contradição – dentro de espaços que são propriedade de pessoas envolvidas com o status quo, como ficou claro durante e após a eleição estadunidense. O futuro da ação digital promete ser ainda mais intenso e conflituoso.

Suécia considera limites de idade nas redes sociais para combater recrutamento de gangues

A Suécia está avaliando a possibilidade de implementar um limite de idade para o uso de redes sociais, inspirando-se nas medidas recentemente aprovadas na Austrália. A iniciativa visa combater o recrutamento de crianças e jovens por gangues criminosas, que têm usado plataformas como TikTok, Instagram e Snapchat como ponto de partida para suas atividades, de acordo com o portal Euro News.

Redes sociais como porta de entrada para o crime

Segundo a polícia sueca, o primeiro contato de criminosos com crianças ocorre frequentemente por meio das redes sociais. Após estabelecerem um vínculo inicial em plataformas populares, os criminosos migram para aplicativos de mensagens encriptadas, como Signal e Telegram, para planejar atos ilícitos de forma discreta. “As conversas passam a ser realizadas sem que outros percebam muito”, alertou a polícia em comunicado.

Essa preocupação é reforçada por dados do International Self-Report Delinquency Study de 2024, que aponta uma taxa de 11% de jovens suecos envolvidos em atividades de gangues, tornando o país um foco de criminalidade relacionada a esses grupos na Europa.

Colaboração regional e pressão sobre empresas de tecnologia

A Suécia já colabora com a Dinamarca para pressionar empresas de tecnologia a reprimir anúncios que recrutam jovens para cometer crimes violentos. O foco dessa cooperação é exigir maior responsabilidade das plataformas digitais na moderação de conteúdos que incentivam a violência e o crime organizado.

Crescente impulso por regulação

A ideia de limitar o acesso de jovens às redes sociais não é exclusividade da Suécia. Recentemente, a Noruega propôs elevar a idade mínima de consentimento para 15 anos, acima do padrão atual de 13 anos. Caso essa medida avance, os pais ainda poderão autorizar o uso das plataformas por crianças abaixo da idade mínima.

Outros países europeus também têm tomado medidas semelhantes. França e Reino Unido adotaram regulamentações que exigem que empresas de redes sociais obtenham consentimento parental antes da criação de contas para menores de idade. Já a Austrália tornou-se pioneira ao proibir completamente o uso de redes sociais por crianças com menos de 16 anos, alegando preocupações com segurança online.

Uma questão urgente para a Suécia

Com uma das taxas mais altas de homicídios relacionados a gangues na Europa, a Suécia enfrenta uma necessidade crescente de abordar o impacto das redes sociais no recrutamento de jovens para o crime. A implementação de limites de idade é vista como uma possível solução para proteger as crianças e reduzir a influência das gangues no país.

Se avançar com essa proposta, a Suécia se juntará a uma tendência global que busca equilibrar o acesso às redes sociais com a necessidade de maior segurança para os usuários mais jovens.

“Brain Rot”: a palavra do ano segundo a Oxford University Press reflete exaustão mental da era digital

A Oxford University Press anunciou que a expressão “brain rot” foi escolhida como a Palavra do Ano de 2024, capturando o impacto profundo da exaustão mental causada pelo consumo excessivo de conteúdo digital. A escolha reflete como a vida moderna, saturada por telas e estímulos incessantes, afeta nossas capacidades cognitivas e emocionais.

O que significa “brain rot”?

O termo “brain rot”, traduzido literalmente como “apodrecimento cerebral”, descreve o declínio das capacidades mentais devido ao tempo prolongado consumindo conteúdos online, especialmente de baixa qualidade. Usado frequentemente de forma bem-humorada e autodepreciativa nas redes sociais, o termo ganhou força para expressar os efeitos negativos de atividades como a rolagem infinita no TikTok ou o consumo de notícias sensacionalistas.

A expressão foi amplamente adotada para descrever o impacto de práticas repetitivas no ambiente digital, e seu uso cresceu 230% entre 2023 e 2024, de acordo com dados linguísticos analisados pela Oxford University Press.

Origem e popularidade de “brain rot”

Embora associado à cultura digital contemporânea, o termo tem raízes históricas. Foi registrado pela primeira vez no século XIX por Henry David Thoreau no livro Walden (1854), onde criticava a sociedade por se inclinar a ideias simplistas e descartar reflexões mais profundas: “Enquanto a Inglaterra tenta curar a podridão da batata, ninguém tenta curar a podridão do cérebro — que prevalece muito mais amplamente e fatalmente.”

Na era digital, “brain rot” ganhou novo significado, refletindo a estagnação mental e o cansaço causados pelo consumo excessivo de conteúdo. Esse uso se popularizou especialmente em redes como TikTok e Instagram, plataformas amplamente criticadas por promoverem hábitos prejudiciais à saúde mental.

Efeitos do “brain rot” no bem-estar

Diversos estudos apontam que o uso excessivo de redes sociais pode levar a problemas como ansiedade, depressão e baixa autoestima. Instituições como o Newport Institute descrevem “brain rot” como resultado de um consumo massivo de dados irrelevantes, notícias negativas e imagens editadas, que criam sentimentos de inadequação.

A fadiga mental gerada por essa sobrecarga de estímulos pode prejudicar a produtividade, a motivação e o foco, especialmente entre os jovens. Além disso, a necessidade de estar constantemente conectado, tanto para trabalho quanto para lazer, exacerba esses efeitos.

O impacto no ambiente de trabalho

O cenário profissional, especialmente com o crescimento do trabalho remoto, ampliou a dependência de ferramentas digitais e, consequentemente, a fadiga causada pelas telas. E-mails intermináveis, videoconferências e notificações constantes criam um estado de hiperatividade mental com pouca profundidade, afetando a produtividade e aumentando o risco de burnout.

O fenômeno, conhecido como fadiga de telas, também está relacionado à redução do engajamento e à insatisfação no ambiente corporativo, o que pode gerar maior turnover e custos para as empresas.

Reconhecimento global e discussões futuras

A escolha de “brain rot” como Palavra do Ano não é apenas um reflexo dos desafios modernos, mas também um convite a repensar nossa relação com a tecnologia. Proibições de celulares em escolas e outras iniciativas estão sendo implementadas em diversos países para reduzir distrações e mitigar os efeitos psicológicos adversos do uso excessivo de redes sociais.

Ao reconhecer “brain rot” como símbolo de 2024, a Oxford University Press destacou a importância de encontrar um equilíbrio entre o mundo digital e a preservação da saúde mental. Trata-se de um chamado à ação coletiva para combater os danos associados à hiperconectividade e ao consumo desenfreado de conteúdos de baixa qualidade.

Bill Gates Indica 5 Livros para Ler nas Férias de Fim de Ano

Com a proximidade do fim do ano, o bilionário Bill Gates compartilhou sua tradicional lista de livros recomendados para as férias em seu blog, Gates Notes. Este ano, o cofundador da Microsoft escolheu quatro obras que exploram temas sobre o passado, presente e futuro, além de uma sugestão bônus. Segundo Gates, as escolhas refletem seu interesse em compreender as rápidas transformações do mundo atual.

“An Unfinished Love Story”, de Doris Kearns Goodwin

Este livro autobiográfico da renomada historiadora explora a relação de Goodwin com seu falecido marido, que trabalhou como redator de discursos para os presidentes John F. Kennedy e Lyndon B. Johnson. Além de ser uma história pessoal, a obra também aborda eventos históricos cruciais, como o assassinato de Kennedy e a Guerra do Vietnã. Gates elogiou a escrita cativante de Goodwin, que combina relatos íntimos e históricos com maestria.

“A Geração Ansiosa”, de Jonathan Haidt

Para Gates, este é um livro essencial para pais, educadores e qualquer pessoa que lide com jovens. Haidt examina como o avanço dos smartphones e a diminuição de brincadeiras livres estão impactando o desenvolvimento emocional das crianças e adolescentes. A obra não só descreve o problema, mas também apresenta soluções práticas para ajudar a reverter esses efeitos.

“Engineering in Plain Sight”, de Grady Hillhouse

Grady Hillhouse oferece uma visão fascinante sobre as estruturas tecnológicas que fazem parte do nosso cotidiano, explicando desde torres de celular até transformadores elétricos. Gates descreve este livro como uma leitura que recompensa a curiosidade, ideal para quem gosta de entender o funcionamento do mundo ao seu redor.

“The Coming Wave”, de Mustafa Suleyman

Considerado por Gates como a melhor introdução ao impacto da inteligência artificial e de avanços científicos na sociedade, a obra de Mustafa Suleyman explora os benefícios e riscos iminentes dessas tecnologias. O livro se destaca por oferecer uma visão clara e detalhada sobre como a IA está moldando o futuro e os desafios que devemos enfrentar para aproveitar seus potenciais.

Bônus: “Federer”, de Doris Henkel

Se você é fã do ex-tenista Roger Federer, este livro pode ser um presente perfeito. Com fotos inéditas e uma retrospectiva detalhada da vida e carreira do atleta, a obra é uma homenagem ao legado de Federer. Gates destaca que, mesmo achando que conhecia a história do tenista, descobriu novos detalhes ao ler o livro.

Reflexões de Bill Gates

Gates finaliza sua lista destacando que, em tempos de mudanças aceleradas, compreender o mundo e as forças que o moldam é essencial. Os livros escolhidos refletem sua busca por conhecimento e inspiração, oferecendo leituras que combinam aprendizado e prazer para fechar o ano com reflexões profundas.

Cameo abre as portas para todos os criadores com o lançamento do CameoX

A plataforma Cameo, amplamente conhecida por seus vídeos personalizados de celebridades, está expandindo seus horizontes. Agora, qualquer pessoa pode se inscrever para criar vídeos personalizados e monetizar suas interações através do CameoX, anunciado oficialmente em um post no blog da empresa.

Essa mudança estratégica visa diversificar o mercado de criadores, eliminando barreiras que antes restringiam o acesso à plataforma apenas para figuras públicas já estabelecidas.

Por que o CameoX?

Desde sua fundação, o Cameo ganhou destaque ao conectar fãs com mensagens exclusivas de atores, músicos, atletas e outras personalidades. Contudo, os últimos anos trouxeram desafios significativos.

Entre os motivos que impulsionaram essa transformação, estão:

  • Perda de celebridades populares, como resultado de polêmicas, incluindo o uso indevido de vídeos para disseminação de desinformação.
  • Envolvimento com o FTC (Federal Trade Commission), que gerou uma multa pesada por violações relacionadas à transparência em endossos de celebridades.
  • A saída de figuras importantes, refletindo mudanças na dinâmica do mercado de mensagens personalizadas.

Segundo o CEO do Cameo, Steven Galanis, muitos talentos emergentes foram deixados de lado no passado. “Com o CameoX, esses dias acabaram”, declarou. A empresa não declara isso diretamente, mas a decisão parece ser também uma reação a um mercado de celebridades difícil de ser acompanhado por uma curadoria em tempos de internet, tanto pelo volume de pessoas a ser analisado quanto pela velocidade do surgimento e do desaparecimento de personalidades de longo alcance.

Como o CameoX funciona

O CameoX remove as antigas barreiras de entrada, permitindo que qualquer pessoa com paixão por se conectar com fãs entre na comunidade do Cameo. Desde o início do piloto, em maio de 2023, mais de 31.000 criadores já se inscreveram na plataforma. Agora, o processo de inscrição é direto e rápido, inspirado em modelos abertos como Twitch e YouTube.

Criadores podem se cadastrar pelo aplicativo ou no site oficial do Cameo, onde precisam passar por um processo de verificação de identidade. Após aprovados, eles podem definir seus próprios preços para vídeos personalizados, recebendo 75% do valor das reservas. A plataforma também oferece uma calculadora de ganhos para ajudar os criadores a projetarem sua receita.

Year in Swipe: tendências de namoro no Tinder em 2024 e previsões para 2025

Com o final de 2024 se aproximando, o Tinder revelou as principais tendências que marcaram o comportamento de seus usuários ao longo do ano em seu “Year in Swipe”. Esses dados mostram como o namoro tem evoluído, especialmente entre jovens, e trazem insights sobre o que podemos esperar para 2025.

O que marcou 2024?

Este ano foi dominado por novas formas de expressão nos perfis e uma busca crescente por autenticidade e diversão. Palavras como “pickleball” (+148%), um esporte em ascensão, e “freak” (+118%), conectada à ideia de encontrar alguém que combine com sua energia, lideraram as menções em bios. A palavra “deserve” (+95%) também apareceu frequentemente, indicando que muitos solteiros estão estabelecendo limites claros e expectativas para relacionamentos.

Os estilos de comunicação mais populares foram aqueles que valorizam o contato humano. A maioria dos usuários afirmou preferir interações “ao vivo”, seguidas por “grandes fãs de mensagens” e “chamadas telefônicas”, enquanto videochamadas ficaram em último lugar na lista de preferências.

Além disso, as formas de demonstrar afeto também foram destacadas. Entre os estilos de amor preferidos, tempo juntos liderou, seguido por toque físico e gestos atenciosos. Presentes e elogios ficaram nas últimas posições, mostrando que a conexão emocional ainda é mais valorizada do que bens materiais.

Os emojis também desempenharam um papel interessante na comunicação. Entre os que mais cresceram em popularidade estão o 🎀 (laço rosa), ☁️ (nuvem) e 🎒 (mochila), que indicam uma abordagem mais leve e descontraída.

Previsões para 2025

O próximo ano promete trazer mudanças significativas no comportamento dos solteiros, com maior foco na intencionalidade e em conexões significativas. Uma tendência que se destaca é o conceito de “Loud Looking”, em que os usuários deixam claro em seus perfis o que estão procurando. Dados do Tinder mostram que 53% dos homens e 68% das mulheres desejam relacionamentos românticos, desafiando a percepção de que o aplicativo é voltado apenas para encontros casuais.

Outro movimento interessante é a popularidade de “vision boards”, ou quadros de visualização, usados por quase 20% dos solteiros de 18 a 30 anos para manifestar o relacionamento dos sonhos. O Tinder até lançou uma ferramenta interativa para ajudar os usuários a criarem esses quadros dentro do app.

A ideia de conexões breves e espontâneas também está ganhando espaço. O que o Tinder chama de “micro-conexões”, como trocas de mensagens rápidas ou olhares no metrô, reflete uma abordagem mais leve ao namoro, permitindo que as pessoas celebrem pequenas interações significativas.

Por outro lado, muitos usuários estão optando por reduzir o número de parceiros potenciais. Cerca de 25% dos entrevistados afirmaram preferir menos interações, mas mais profundas, o que reflete um desejo por relacionamentos mais intencionais. Além disso, amigos e até previsões astrológicas estão influenciando a escolha de parceiros: 40% dos usuários disseram que horóscopos guiarão suas decisões no próximo ano.

O Parceiro Ideal em 2025

O chamado “Golden Retriever” vibe, que remete a características como lealdade, energia positiva e otimismo, é o perfil mais desejado para 2025. Além disso, qualidades como confiabilidade (40%), atração física (35%) e valores compartilhados (31%) também foram apontadas como essenciais. Já os principais fatores que afastam possíveis parceiros incluem má higiene (50%), rudez (44%) e falar muito sobre ex-relacionamentos (34%).

De acordo com Melissa Hobley, CMO do Tinder, 2025 será marcado por maior autenticidade e intencionalidade nos relacionamentos. Solteiros estão cada vez mais focados em se expressar com clareza sobre suas necessidades, enquanto valorizam momentos espontâneos e conexões significativas. O futuro dos encontros parece estar menos focado em quantidade e mais em qualidade, com uma ênfase crescente em experiências reais e transformadoras.

Para mais informações sobre o Year in Swipe 2024, acesse o site oficial do Tinder.

Como o meme “Scram!” transformou a carreira de Kel Cripe

O humorista e criador de conteúdo Kel Cripe viralizou no TikTok com um vídeo cômico que resgatou a palavra “Scram!” (algo como “Saia daqui!”). Publicado em setembro de 2024, o vídeo, uma sátira leve e irônica, acumulou mais de 9,4 milhões de visualizações e tornou-se um fenômeno cultural.

A Origem do vídeo “Scram!”

A ideia surgiu de uma piada interna entre Cripe e sua namorada, usada para espantar comentários negativos nas redes sociais. Em um dia comum, enquanto faziam tarefas domésticas, decidiram filmar a cena com um toque teatral: Kel, vestindo uma camiseta com estampa de lobo, simulava espantar “intrusos” com um gesto e o famoso “Scram!”. A trilha sonora escolhida, uma versão ao piano de “Where Is My Mind?” do Pixies, complementou o tom cômico. Surpreendentemente, o vídeo, que foi gravado em uma única tomada, tornou-se o ponto de virada na carreira de Cripe.

Impacto cultural e crescimento pessoal

Após o repost de SZA no Instagram, o vídeo ganhou tração e inspirou milhares de pessoas a criar suas próprias versões do “Scram!”. Pais relataram que seus filhos adotaram a expressão, e o termo passou a ser usado em campanhas publicitárias e figurinos de Halloween. No palco, Cripe incorporou o meme em seus shows de stand-up, conquistando novas plateias e fortalecendo sua conexão com o público.

Presença nos palcos e planos Futuros

Além do sucesso online, Cripe já se destacou em festivais como o New York Comedy Festival e o SF Sketchfest. Ele agora trabalha em seu especial de stand-up de meia hora e se prepara para abrir shows da artista musical Corook em uma turnê pelos EUA e Canadá. Cripe também faz parte do grupo de comédia Babe Motel e tem projetos de atuar em filmes e escrever livros.

Reflexões sobre o TikTok e o futuro

Cripe credita ao TikTok não apenas o crescimento de sua audiência, mas também o fortalecimento de sua confiança e voz cômica. Ele vê a plataforma como um espaço para experimentação, enquanto seus projetos offline expandem sua carreira em diversas frentes. Kel Cripe pretende continuar a criar conteúdos que inspirem autenticidade, com a missão de espalhar alegria e encorajar outros a serem fiéis a si mesmos.

Para Cripe, “Scram!” é mais do que um meme: é um símbolo de como algo simples pode tocar milhões e transformar vidas.

Ps. Para outras pessoas, é apenas mais um meme, como outros que virão já na semana que vem.

TikTok confunde diagnósticos psiquiátricos e pode atrapalhar tratamentos anti-suicídio

Crianças e adolescentes frequentemente tomam decisões impulsivas, mas quando essas escolhas envolvem participar de desafios perigosos no TikTok que ameaçam suas vidas, psiquiatras enfrentam dificuldades para discernir se foram apenas decisões impensadas ou tentativas de suicídio.

Em um artigo publicado no JAMA Psychiatry, os psiquiatras Onomeasike Ataga e Valerie Arnold, da University of Tennessee Health Science Center, destacam os perigos e a complexidade dos desafios do TikTok. Eles os classificam como uma “emergente preocupação de saúde pública” para jovens, pois confundem as linhas entre lesões não intencionais e tentativas de suicídio em crianças e adolescentes.

Durante a pandemia de COVID-19, a equipe de psiquiatria observou casos de hospitalização devido a desafios como o “desafio do apagão” (blackout challenge), onde os participantes tentam se asfixiar até desmaiar; o “desafio do Benadryl”, que envolve a ingestão de grandes quantidades do medicamento para provocar alucinações; e o “desafio do fogo”, no qual os participantes ateiam fogo ao próprio corpo. Nesses casos, a equipe psiquiátrica é frequentemente chamada para avaliar se houve intenção de autoagressão, o que nem sempre é fácil de determinar, dificultando as recomendações de tratamento.

Os autores citam o caso de uma paciente de 10 anos encontrada inconsciente em seu quarto. Inicialmente, suspeitou-se de uma tentativa de suicídio por enforcamento, mas, ao ser avaliada, a menina afirmou que estava apenas participando do “desafio do apagão”. Apesar disso, ela relatou sentimentos de depressão, desesperança e pensamentos suicidas desde os 9 anos, além de sofrer bullying e não ter amigos. A família mencionou instabilidade habitacional, ausência de figuras parentais e histórico familiar de tentativas de suicídio.

Determinar se as lesões foram acidentais ou intencionais é crucial. Se acidentais, a paciente poderia ser liberada com recomendação de acompanhamento ambulatorial. Se intencionais, seria necessário tratamento psiquiátrico internado para segurança e avaliação adicional. Lesões decorrentes de desafios nas redes sociais podem levar à depressão e transtorno de estresse pós-traumático, aumentando o risco de futuras tentativas de suicídio.

Para proteger os jovens, Ataga e Arnold defendem maior conscientização sobre os perigos dos desafios do TikTok e avaliações psiquiátricas empáticas e adequadas à idade. Eles também enfatizam a necessidade de mais pesquisas para entender o papel desses desafios em lesões não intencionais, comportamentos suicidas e mortes entre crianças nos EUA.

Sair da versão mobile