Os maiores acontecimentos tecnológicos de 2024 segundo a Forbes

O ano de 2024 foi marcado por avanços tecnológicos impressionantes que transformaram áreas como política, saúde, sustentabilidade e exploração espacial. Enquanto essas inovações abriram novas possibilidades, também trouxeram desafios que moldarão o futuro. A revista Forbes destacou os eventos tecnológicos mais relevantes de 2024. Veja a lista abaixo.

Inteligência artificial e eleições democráticas

Em 2024, a inteligência artificial desempenhou um papel central em processos eleitorais globais, como as eleições recordistas na Índia e a presidencial nos Estados Unidos. Equipes de campanha utilizaram IA para análise de eleitores, engajamento em massa e respostas em tempo real. Contudo, essa integração trouxe preocupações, como o uso de deepfakes e desinformação automatizada. Embora tenha ampliado o alcance democrático, a tecnologia também desafiou as autoridades a protegerem a integridade eleitoral.

Conflito na Ucrânia: a guerra mais tecnológica da história

O conflito na Ucrânia consolidou-se como o mais avançado tecnologicamente, empregando drones, cães-robôs e estratégias de guerra cibernética. Ferramentas de reconhecimento facial foram usadas por ONGs para identificar criminosos de guerra, enquanto novos mísseis hipersônicos estrearam no campo de batalha. Este conflito destacou como a tecnologia pode tanto intensificar quanto solucionar crises humanitárias.

Avanços em tecnologias sustentáveis

A crise climática impulsionou inovações em tecnologias de captura de carbono, armazenamento de baterias e refrigeração eletrocalórica, que promete soluções mais eficientes em consumo energético. Esses avanços são passos significativos para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e atender à crescente demanda por energia limpa.

Espaço: novos marcos na exploração

A SpaceX realizou um feito impressionante com o pouso bem-sucedido do foguete Starship Super Heavy utilizando a torre “Mechazilla”. Além disso, a Índia se tornou o quarto país a pousar na Lua, juntando-se aos EUA, Rússia e China, destacando a crescente democratização da exploração espacial.

Recordes na computação quântica

A computação quântica avançou significativamente, com o computador H2-1, da Quantinuum, superando o desempenho do Sycamore, do Google, em mais de 100 vezes. Embora ainda esteja longe de aplicações cotidianas, a tecnologia promete revolucionar campos como criptografia e otimização, onde sua velocidade supera em milhões de vezes a capacidade dos computadores clássicos.

Primeira terapia genética contra tumores sólidos

A FDA aprovou o Tecelra, a primeira terapia celular personalizada de células T para tratar tumores sólidos. Demonstrando eficácia em reduzir tumores em 44% dos pacientes nos ensaios clínicos, esse avanço em biotecnologia sinaliza um futuro promissor no combate ao câncer.

O legado de 2024 e o olhar para 2025

Ao longo de 2024, vimos como a tecnologia pode transformar a sociedade de maneiras inimagináveis, desde avanços na saúde até soluções energéticas inovadoras. Contudo, também emergiram desafios éticos, sociais e regulatórios que precisarão ser enfrentados. Com 2025 no horizonte, o ritmo da inovação promete continuar acelerado, indicando que estamos apenas no começo de uma década revolucionária.

Proposta do Google tenta responder acusações de monopólio no mercado de buscas

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) apresentou recentemente uma lista de soluções para corrigir o comportamento anticompetitivo do Google e restabelecer a concorrência no mercado de motores de busca. As propostas incluíam medidas drásticas, como a venda do navegador Chrome, do sistema operacional Android e da loja Google Play. Na última sexta-feira, o Google respondeu com sua própria lista de sugestões, que foca em ajustes contratuais e financeiros.

As soluções propostas pelo Google

Ao invés de desmembrar seus produtos, como sugerido pelo DOJ, o Google propôs alternativas que abordam:

  • Pagamentos a empresas como Apple e Mozilla: esses pagamentos garantem o posicionamento prioritário de seus serviços nas plataformas dessas empresas.
  • Acordos de licenciamento com fabricantes de dispositivos Android: o Google se compromete a dissociar licenças de apps populares, como Chrome e Google Assistente, do licenciamento da Play Store.
  • Contratos com operadoras de telefonia móvel: a empresa sugere limitar a exclusividade de seus aplicativos pré-instalados.

Por um período de três anos, o Google planeja impedir que novos contratos vinculem licenças do Chrome, do buscador ou da Play Store à pré-instalação de outros aplicativos, como o Google Assistente ou a nova IA generativa Gemini.

Além disso, a empresa propõe que seja permitido pagar por posição de destaque em navegadores, mas que tais acordos sejam revisados anualmente e permitam múltiplos contratos em diferentes plataformas ou modos de navegação.

A posição do Google e os próximos passos

Lee-Anne Mulholland, vice-presidente de regulamentação do Google, afirmou no blog oficial da empresa que “esta decisão foi sobre nossos contratos de distribuição de busca, então nossas propostas de remediação são direcionadas a isso”. A companhia também planeja apelar da decisão do juiz Amit Mehta, que classificou o Google como monopolista e acusou a empresa de manter essa posição de forma intencional.

O Google se comprometeu a enviar uma proposta revisada até o dia 7 de março de 2025, antes do início do julgamento sobre o caso, previsto para abril.

O impacto no mercado de buscas

A decisão de manter pagamentos por posicionamento padrão e a flexibilidade para novos acordos pode ajudar o Google a sustentar sua influência, mas também reflete uma tentativa de evitar medidas mais severas, como a partilha de dados de busca com concorrentes, uma sugestão também incluída na lista do DOJ.

Se a proposta do Google será aceita, ainda é incerto. A audiência de abril pode definir novos rumos para o setor de tecnologia e a regulação de grandes empresas no mercado global.

República Democrática do Congo processa Apple por uso de minerais de conflito

A República Democrática do Congo (RDC) apresentou queixas-crime contra subsidiárias da Apple na França e na Bélgica, acusando a gigante da tecnologia de utilizar minerais de conflito em sua cadeia de fornecimento. O governo congolês alega que a Apple estaria se beneficiando de minerais saqueados da RDC e processados globalmente, o que, segundo as acusações, a torna cúmplice de crimes cometidos por grupos armados que controlam minas no leste do país.

Alegações de envolvimento com “minerais de sangue”

As denúncias, formalizadas por uma equipe de advogados internacionais representando o ministro da Justiça da RDC, apontam que minerais essenciais para a fabricação de dispositivos eletrônicos, como estanho, tântalo e tungstênio — conhecidos como “minerais 3T” —, estariam sendo extraídos de zonas de conflito. O processo acusa a Apple de permitir que esses recursos sejam “branqueados” por meio de cadeias de abastecimento globais, financiando indiretamente milícias armadas e perpetuando um ciclo de violência.

Os advogados afirmaram em uma declaração conjunta que essas práticas contribuíram para graves violações dos direitos humanos, incluindo trabalho infantil forçado e devastação ambiental. Além disso, destacaram que o conflito no leste da RDC, uma das regiões mais ricas em minerais do mundo, já deslocou milhões de pessoas e gerou um desastre humanitário com assassinatos em massa e violência sistemática.

Resposta da Apple às acusações

Em comunicado divulgado após a apresentação dos processos, a Apple negou categoricamente as alegações, afirmando que “contesta veementemente” as acusações. A empresa destacou que, diante do agravamento dos conflitos na região, notificou seus fornecedores no início de 2023 para suspenderem o fornecimento de minerais provenientes da RDC e do Ruanda.

“Reconhecemos que a situação na região é muito difícil e aumentamos nosso apoio a organizações que ajudam comunidades locais,” declarou a Apple. A empresa também reiterou seu compromisso com práticas de fornecimento responsáveis e transparentes.

Mineração ilegal e envolvimento do Ruanda

As acusações não são novas no contexto da RDC. O governo congolês e a ONU já alertaram anteriormente sobre o contrabando de minerais 3T para o vizinho Ruanda, que frequentemente nega as alegações. Grupos de direitos humanos afirmam que essas práticas alimentam o financiamento de grupos armados e dificultam esforços para estabilizar a região.

Ação inédita contra uma gigante da tecnologia

Robert Amsterdam, advogado norte-americano envolvido no caso, chamou as denúncias de um marco histórico: “Estas queixas-crime são as primeiras ações judiciais apresentadas pela RDC contra uma grande empresa de tecnologia.” Segundo ele, este é apenas o começo de uma série de processos legais para responsabilizar empresas multinacionais pelo impacto de suas cadeias de abastecimento em zonas de conflito.

As autoridades na França e na Bélgica agora avaliarão as provas apresentadas para decidir se abrem investigações formais contra a Apple. Se avançarem, estas ações podem desencadear um debate mais amplo sobre a responsabilidade das empresas de tecnologia em garantir cadeias de suprimentos livres de violações de direitos humanos e práticas comerciais enganosas.

World enfrenta medidas corretivas devido a violações de proteção de dados na União Europeia

A World, projeto de identificação biométrica cofundado por Sam Altman, da OpenAI, foi notificada pela autoridade de proteção de dados da Baviera, na Alemanha, por não estar em conformidade com as normas do Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) da União Europeia. A empresa foi ordenada a corrigir seus procedimentos e iniciar um processo de eliminação de dados, de acordo com o portal Euro News.

O funcionamento da tecnologia da World

A World utiliza um dispositivo chamado “Orb” para escanear íris e rostos, criando uma forma de identificação pessoal que permite aos usuários se autenticarem como humanos em atividades online. Esses dados são processados pela Tools for Humanity, empresa sediada em São Francisco, mas a infraestrutura europeia da World está localizada na Baviera, Alemanha.

O dispositivo da World promete proteger a privacidade ao mesmo tempo que valida identidades, algo crucial na era da inteligência artificial. No entanto, a autoridade alemã identificou “riscos fundamentais de proteção de dados” no procedimento de coleta e armazenamento de informações, que não atendem às exigências do RGPD.

Decisão da autoridade de proteção de dados da Baviera

Após meses de investigação, o Gabinete Estatal de Supervisão da Proteção de Dados da Baviera (BayLDA) determinou que os métodos da World não são compatíveis com o RGPD. Foi ordenado à empresa que implementasse um procedimento de eliminação de dados, garantindo que todos os usuários possam exercer seu direito ao apagamento das informações coletadas.

Michael Will, presidente da BayLDA, declarou:

“Com a decisão de hoje, estamos aplicando as normas europeias de direitos fundamentais a favor dos titulares dos dados num caso tecnologicamente exigente e juridicamente muito complexo.”

A World recorreu da decisão e busca clarificações judiciais sobre o uso das chamadas Tecnologias de Melhoria da Privacidade para assegurar que atendem à definição de anonimização na UE.

Mudanças no processamento de dados

Damien Kieran, diretor de privacidade da Tools for Humanity, afirmou que a empresa já alterou seus processos. No passado, códigos de íris eram armazenados em uma base de dados centralizada, mas agora um protocolo criptográfico divide essas informações em três partes, que são armazenadas em bases de dados de terceiros, incluindo universidades e outras entidades independentes.

Essas mudanças, segundo Kieran, eliminam a posse dos dados pessoais pela World, garantindo que os códigos sejam praticamente impossíveis de decifrar e que a privacidade dos usuários seja protegida.

Expansão global e desafios legais

A World já opera em países como Alemanha, Japão, Coreia do Sul, México e Estados Unidos, e planeja expandir para Irlanda, França, Reino Unido e Itália. Contudo, Espanha e Portugal impuseram proibições temporárias ao projeto devido a preocupações com a privacidade dos dados.

Damien Kieran defendeu que a falta de uma definição clara de anonimização na legislação europeia é um desafio. Segundo ele, essa definição é essencial para permitir o uso responsável de tecnologias que protejam a privacidade na era da inteligência artificial.

Enquanto a World enfrenta regulamentações rigorosas na UE, a controvérsia sobre como equilibrar inovação tecnológica e proteção de dados continua sendo um tema central no debate global sobre privacidade e IA.

Inteligência Artificial identifica mais de 70 mil novos vírus de RNA

Um grupo internacional de pesquisadores utilizou ferramentas de inteligência artificial (IA) para descobrir mais de 70 mil vírus de RNA até então desconhecidos pela ciência. A descoberta foi feita por meio da metagenômica, uma técnica que permite analisar o material genético de amostras ambientais sem a necessidade de isolar ou cultivar os vírus em laboratório.

A vastidão desconhecida dos vírus de RNA

Os vírus de RNA são microrganismos amplamente distribuídos que infectam animais, plantas e até bactérias. No entanto, apenas uma pequena fração deles é conhecida pela ciência. A caracterização desses organismos é essencial, já que alguns vírus podem causar doenças graves em seres humanos. Apesar de esforços anteriores, os métodos tradicionais enfrentam dificuldades para identificar novos vírus devido à alta taxa de evolução desses microrganismos.

Um dos desafios comuns na identificação de vírus de RNA é localizar a seção do genoma que codifica a RNA polimerase dependente de RNA (RdRp), uma proteína crucial para a replicação viral. Sequências muito diferentes das já conhecidas dificultam o reconhecimento por métodos convencionais.

Inteligência Artificial para decifrar o genoma viral

A equipe de pesquisadores adotou uma abordagem inovadora, usando inteligência artificial para superar as limitações existentes. Em um estudo publicado na revista Cell, eles desenvolveram um modelo chamado LucaProt, que combina técnicas avançadas de predição de proteínas com análises genômicas. A ferramenta utilizou o ESMFold, uma tecnologia de predição de estruturas proteicas desenvolvida pela Meta, e incorporou princípios da arquitetura usada em sistemas como o ChatGPT.

O modelo foi treinado para reconhecer as enzimas RdRp em grandes bancos de dados genômicos públicos. Essa abordagem permitiu identificar cerca de 160 mil vírus de RNA, dos quais quase metade nunca havia sido descrita antes.

Implicações e próximos passos

Embora os pesquisadores tenham conseguido identificar uma quantidade impressionante de novos vírus, ainda não foi possível determinar os hospedeiros dessas partículas virais. Uma área de particular interesse é investigar se algum desses vírus infecta arqueias, um domínio da vida para o qual ainda não há vírus de RNA claramente identificados como infectantes.

Esse avanço representa um passo importante na exploração do universo viral e reforça o papel das tecnologias de IA na biologia moderna. No entanto, os cientistas alertam que mais estudos são necessários para compreender o impacto potencial desses novos vírus, incluindo riscos para a saúde humana e animal.

A descoberta destaca como a combinação de big data, IA e biologia molecular pode abrir novas fronteiras na ciência, ajudando a mapear melhor a diversidade biológica e a enfrentar desafios globais de saúde pública.

Facebook enfrenta críticas por restringir alcance de veículos de notícias palestinos durante guerra entre Israel e Gaza

Uma investigação da BBC revelou que veículos de notícias palestinos enfrentaram severas restrições no Facebook durante o conflito entre Israel e Gaza. A análise mostrou uma queda de 77% no engajamento das páginas desses veículos após outubro de 2023, em contraste com um aumento de 37% para veículos de notícias israelenses.

Impacto sobre as vozes palestinas

Plataformas como o Facebook e o Instagram tornaram-se vitais para a cobertura da guerra, especialmente em Gaza, onde poucos jornalistas externos tiveram acesso. Páginas como Palestine TV e Wafa foram fontes essenciais para o público global. No entanto, o alcance dessas publicações foi drasticamente reduzido. A Palestine TV, por exemplo, relatou uma queda de 60% na visibilidade de suas postagens, segundo o jornalista Tariq Ziad.

Os jornalistas palestinos levantaram suspeitas de shadow banning — prática em que conteúdo é intencionalmente ocultado sem aviso prévio. Enquanto isso, dados da BBC mostraram que veículos árabes de fora da Palestina, como Al-Jazeera, tiveram um aumento médio de 100% no engajamento no mesmo período.

Resposta da Meta

A Meta, proprietária do Facebook e Instagram, negou qualquer intenção deliberada de suprimir vozes palestinas, alegando que erros podem ter ocorrido devido à complexidade da moderação de conteúdo durante o conflito. Documentos vazados indicaram mudanças no algoritmo do Instagram, que supostamente intensificaram a moderação de comentários de usuários palestinos. A Meta justificou essas ações como resposta ao aumento de discurso de ódio.

“Reconhecemos que cometemos erros, mas qualquer insinuação de que suprimimos deliberadamente uma determinada voz é inequivocamente falsa”, afirmou um porta-voz.

Desafios enfrentados por jornalistas palestinos

Mesmo diante de restrições e riscos de segurança, jornalistas em Gaza continuam trabalhando. Omar el Qataa, fotojornalista em Gaza, destacou que vídeos de massacres frequentemente não alcançam ampla visibilidade devido às políticas das plataformas. Desde o início do conflito, 137 jornalistas palestinos foram mortos, mas muitos permanecem na linha de frente para registrar os acontecimentos.

A reportagem da BBC destaca o impacto dessas restrições na liberdade de expressão e no direito à informação, especialmente em tempos de guerra.

Amazon enfrenta pressão para negociar com o sindicato enquanto trabalhadores ameaçam greve

A Amazon.com está sob crescente pressão para negociar com o sindicato International Brotherhood of Teamsters, enquanto milhares de trabalhadores ameaçam entrar em greve durante a movimentada temporada de vendas de final de ano. Recentemente, funcionários em Nova York, Califórnia e Illinois votaram a favor da greve caso a Amazon não inicie negociações. Na quarta-feira (18), trabalhadores de uma unidade em Atlanta se juntaram ao movimento, tornando-se a oitava instalação a apoiar a ação.

Possíveis impactos da greve

Embora a greve não deva paralisar as operações da Amazon, que emprega mais de 700 mil trabalhadores em cerca de mil armazéns nos Estados Unidos, um movimento coordenado às vésperas do Natal pode causar interrupções na cadeia de suprimentos. Além disso, enviaria um sinal claro da intenção do sindicato de causar impacto financeiro na gigante do comércio eletrônico.

Especialistas apontam, no entanto, que a Amazon provavelmente resistirá a qualquer tentativa de negociação, temendo que isso encoraje movimentos sindicais em outras unidades. “A Amazon tem uma estratégia clara de ignorar os direitos dos trabalhadores e evitar negociar coletivamente”, afirmou Benjamin Sachs, professor de Direito do Trabalho na Universidade de Harvard. Ele destacou que, mais de dois anos após a sindicalização bem-sucedida em Staten Island, a empresa ainda não reconheceu o sindicato.

Histórico de resistência da Amazon

A Amazon tem um longo histórico de resistência à sindicalização. Em 2021, uma votação em Bessemer, Alabama, para formação de um sindicato foi anulada, e a empresa foi acusada de agir ilegalmente para frustrar o processo. Uma terceira eleição foi recentemente ordenada por um juiz administrativo.

A empresa argumenta que já paga salários acima da média do setor e investe em automação para reduzir riscos de lesões no local de trabalho. Contudo, trabalhadores criticam o foco excessivo em produtividade, que muitas vezes leva a acidentes e condições de trabalho exaustivas. Segundo Jake Rosenfeld, professor de sociologia da Universidade de Washington, “a Amazon tem mostrado repetidamente que não quer absolutamente nada com a sindicalização”.

Estratégias legais e possíveis mudanças

Enquanto a Amazon resiste às demandas sindicais, também avança com medidas legais, incluindo objeções junto ao National Labor Relatiistons Board (NLRB) e um processo federal que desafia a constitucionalidade da própria agência. A empresa alega que o sindicato não representa tantos trabalhadores quanto afirma e que métodos coercitivos foram utilizados para incentivar a adesão.

A greve planejada ocorre em um momento crítico, com possíveis mudanças na legislação trabalhista sob o governo de Donald Trump, que assumirá em breve. John Logan, professor de estudos trabalhistas na Universidade Estadual de São Francisco, observa que esta pode ser a última oportunidade do sindicato de exercer influência significativa antes de um ambiente regulatório menos favorável.

A Amazon ainda não respondeu às recentes demandas dos Teamsters, mantendo sua postura de resistência aos sindicatos e demonstrando sua determinação em proteger sua autonomia operacional frente às pressões crescentes.

Suécia considera limites de idade nas redes sociais para combater recrutamento de gangues

A Suécia está avaliando a possibilidade de implementar um limite de idade para o uso de redes sociais, inspirando-se nas medidas recentemente aprovadas na Austrália. A iniciativa visa combater o recrutamento de crianças e jovens por gangues criminosas, que têm usado plataformas como TikTok, Instagram e Snapchat como ponto de partida para suas atividades, de acordo com o portal Euro News.

Redes sociais como porta de entrada para o crime

Segundo a polícia sueca, o primeiro contato de criminosos com crianças ocorre frequentemente por meio das redes sociais. Após estabelecerem um vínculo inicial em plataformas populares, os criminosos migram para aplicativos de mensagens encriptadas, como Signal e Telegram, para planejar atos ilícitos de forma discreta. “As conversas passam a ser realizadas sem que outros percebam muito”, alertou a polícia em comunicado.

Essa preocupação é reforçada por dados do International Self-Report Delinquency Study de 2024, que aponta uma taxa de 11% de jovens suecos envolvidos em atividades de gangues, tornando o país um foco de criminalidade relacionada a esses grupos na Europa.

Colaboração regional e pressão sobre empresas de tecnologia

A Suécia já colabora com a Dinamarca para pressionar empresas de tecnologia a reprimir anúncios que recrutam jovens para cometer crimes violentos. O foco dessa cooperação é exigir maior responsabilidade das plataformas digitais na moderação de conteúdos que incentivam a violência e o crime organizado.

Crescente impulso por regulação

A ideia de limitar o acesso de jovens às redes sociais não é exclusividade da Suécia. Recentemente, a Noruega propôs elevar a idade mínima de consentimento para 15 anos, acima do padrão atual de 13 anos. Caso essa medida avance, os pais ainda poderão autorizar o uso das plataformas por crianças abaixo da idade mínima.

Outros países europeus também têm tomado medidas semelhantes. França e Reino Unido adotaram regulamentações que exigem que empresas de redes sociais obtenham consentimento parental antes da criação de contas para menores de idade. Já a Austrália tornou-se pioneira ao proibir completamente o uso de redes sociais por crianças com menos de 16 anos, alegando preocupações com segurança online.

Uma questão urgente para a Suécia

Com uma das taxas mais altas de homicídios relacionados a gangues na Europa, a Suécia enfrenta uma necessidade crescente de abordar o impacto das redes sociais no recrutamento de jovens para o crime. A implementação de limites de idade é vista como uma possível solução para proteger as crianças e reduzir a influência das gangues no país.

Se avançar com essa proposta, a Suécia se juntará a uma tendência global que busca equilibrar o acesso às redes sociais com a necessidade de maior segurança para os usuários mais jovens.

Pesquisa volta a revelar desigualdades no acesso à internet e bens domésticos no Brasil

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou por meio da Agência Brasil dados preliminares do Censo Demográfico 2022, revelando que 89,4% dos brasileiros vivem em domicílios com acesso à internet. Apesar do avanço, o estudo destaca desigualdades regionais e étnico-raciais significativas no acesso à rede e a bens domésticos.

Disparidades regionais no acesso à internet

O Distrito Federal lidera o ranking, com 96,2% dos domicílios conectados, enquanto os estados do Norte e Nordeste, com exceção de Rondônia, apresentam médias abaixo da nacional. O Acre, por exemplo, registra apenas 75,2% dos lares com acesso à internet.

Desigualdade racial no acesso à rede

Os dados evidenciam que:

  • 12,9% da população preta, 12,7% da parda e 44,5% da indígena não possuem internet em casa.
  • Em contraste, apenas 7,5% da população branca e 5,6% da amarela enfrentam essa situação.

Diferenças no acesso a bens domésticos

A pesquisa também aborda a posse de máquinas de lavar roupa, evidenciando disparidades regionais e raciais:

  • No Sul, 89,8% das casas têm máquina de lavar, enquanto no Nordeste o índice cai para 37,7%.
  • Em termos raciais, 41,8% da população parda e 41,3% da preta não possuem o equipamento, comparados a 18,9% da população branca e 10,8% da amarela. Entre os indígenas, a falta atinge impressionantes 74%.

Foco do censo 2022 e desafios

Diferente do Censo de 2010, o questionário de 2022 foi mais conciso, priorizando indicadores como acesso à internet e posse de bens. Embora os dados sejam preliminares e passem por ajustes, eles já refletem um retrato alarmante da desigualdade no país.

O IBGE destaca a necessidade de políticas públicas eficazes para reduzir as disparidades reveladas pelo estudo, especialmente em regiões menos favorecidas e entre populações historicamente marginalizadas.

Comissão Europeia deve reconsiderar regulamentações para impulsionar a competitividade, diz executivo da AXA

A nova Comissão Europeia liderada por Ursula von der Leyen enfrenta pressões para revisar radicalmente as leis europeias sobre alterações climáticas, investimentos e regulamentação de dados, afirmou Frédéric de Courtois, diretor-executivo adjunto da AXA, em entrevista à Euronews. A mensagem reflete o descontentamento de setores industriais que veem as regras da União Europeia como barreiras à competitividade global.

Competitividade como prioridade do segundo mandato

Em seu segundo mandato, von der Leyen prometeu priorizar a competitividade, em resposta a dados econômicos que colocam a União Europeia muito atrás dos Estados Unidos em termos de desempenho econômico. Representantes do setor financeiro, como Frédéric de Courtois, já listaram regulamentações que acreditam necessitar de revisão ou até eliminação para impulsionar o crescimento.

Entre elas está a Lei Europeia de Inteligência Artificial (IA), que entrou em vigor neste ano. Este marco regulatório sujeita sistemas de IA de alto risco a regras rigorosas, com multas de até 7% do faturamento anual em caso de violação. Embora tenha sido elogiada pelo ex-Comissário Thierry Breton como um “padrão global de IA confiável”, a legislação tem gerado preocupação no setor empresarial, que a considera excessivamente cautelosa.

Setor de seguros em dúvida sobre a Lei de IA

Frédéric de Courtois destacou que o setor de seguros, onde a IA desempenha um papel crítico, enfrenta dificuldades para implementar as regras da nova lei. “Não faço ideia de como implementar a Lei da IA”, disse o executivo, que também preside o grupo de lobby Insurance Europe. Ele argumenta que princípios gerais seriam mais eficazes do que uma abordagem prescritiva, como o documento atual de 144 páginas.

Para de Courtois, áreas como precificação, processamento de sinistros e subscrição de seguros poderiam se beneficiar da IA, desde que as preocupações sobre viés algorítmico e privacidade fossem tratadas de forma menos restritiva. “Devemos garantir que não regulamentamos antes de inovar”, alertou.

Desafios climáticos e regulamentações financeiras

A simplificação de regulamentações financeiras também é vista como essencial pelo executivo, especialmente aquelas que exigem que as empresas descrevam o impacto ambiental de suas cadeias de suprimentos. Embora reconheça que as mudanças climáticas representam “a maior ameaça que enfrentamos”, de Courtois aponta que a carga regulatória excessiva pode dificultar a inovação e os investimentos necessários para enfrentar este desafio.

As seguradoras, frequentemente expostas a custos elevados decorrentes de eventos climáticos extremos, como inundações, estão particularmente preocupadas com a falta de flexibilidade nas regulamentações atuais. O setor clama por políticas que incentivem a inovação, ao mesmo tempo que enfrentem as questões climáticas de maneira pragmática.

Uma Europa mais ágil?

Pouco antes de ser confirmada para o segundo mandato com 370 votos a favor e 282 contra, von der Leyen comprometeu-se a reduzir o excesso de regulamentações e tornar as leis europeias mais simples e ágeis. Essa promessa poderá determinar o futuro do bloco no cenário global, especialmente em um contexto de crescente competição com economias mais dinâmicas, como a dos Estados Unidos.

Sair da versão mobile