FTC abre investigação ampla contra a Microsoft por possíveis práticas anticompetitivas

A Federal Trade Commission (FTC) dos Estados Unidos está conduzindo uma investigação sobre as práticas de negócios da Microsoft, examinando se a gigante da tecnologia violou leis antitruste. A investigação, que inclui entrevistas com concorrentes da empresa, concentra-se em como a Microsoft integra seus produtos populares, como o pacote Office, com serviços de computação em nuvem e cibersegurança. Essa prática, conhecida como “bundling” (agrupamento), tem sido criticada por especialistas e rivais como uma estratégia que potencialmente sufoca a concorrência.

A controvérsia sobre os contratos governamentais

Um dos focos da investigação está nos contratos da Microsoft com o governo federal dos EUA. Em meio a crescentes preocupações com cibersegurança, a empresa ofereceu, a partir de 2021, atualizações gratuitas para pacotes de licenças que incluíam seus produtos de segurança cibernética mais avançados. Após o término do período gratuito, agências governamentais, incluindo o Departamento de Defesa, passaram a pagar por esses serviços. Essa estratégia resultou em um aumento substancial de negócios para a Microsoft, mas deslocou concorrentes de cibersegurança e serviços de nuvem, como a Amazon Web Services (AWS).

Críticos apontam que essa abordagem pode ter infringido leis de contratação pública e competição. Internamente, até mesmo advogados da Microsoft expressaram preocupações antitruste sobre os contratos, segundo uma reportagem do ProPublica.

Vulnerabilidades e preocupações com segurança

A investigação da FTC também examina incidentes anteriores que expuseram falhas de segurança em produtos da Microsoft. Durante o ataque SolarWinds, hackers russos exploraram uma vulnerabilidade em um produto da empresa para acessar dados sensíveis de órgãos governamentais, como a Administração Nacional de Segurança Nuclear. Documentos internos revelaram que um engenheiro da Microsoft havia alertado sobre essa falha anos antes, mas a empresa optou por não corrigir o problema, priorizando a experiência do usuário em detrimento da segurança.

O papel do Azure e das ferramentas de identidade

Outro ponto central da investigação é o impacto da Microsoft no mercado de computação em nuvem e ferramentas de identidade, como o Entra ID (anteriormente conhecido como Azure Active Directory). Essas ferramentas são críticas para autenticação de usuários e integração com outros serviços em nuvem, tornando-se um componente-chave na estratégia de negócios da Microsoft.

Histórico de controvérsias antitruste

A Microsoft já enfrentou processos antitruste no passado. Nos anos 1990, o Departamento de Justiça processou a empresa por práticas monopolistas relacionadas ao sistema operacional Windows. Embora a companhia tenha evitado um desmembramento, o caso resultou em restrições significativas sobre como ela poderia licenciar e desenvolver software.

O contexto político e o futuro da investigação

A investigação da FTC ocorre em um momento de transição política nos EUA. Com a saída da presidente da comissão, Lina Khan, e a iminente chegada de Andrew Ferguson como novo líder da FTC sob o governo Trump, há incertezas sobre o futuro da investigação. Ferguson declarou que planeja adotar uma postura dura contra as gigantes de tecnologia, prometendo “proteger a competição e a liberdade de expressão”.

Enquanto isso, a Microsoft confirmou ter recebido uma intimação da FTC, mas criticou o escopo do pedido, descrevendo-o como amplo e “fora do reino da lógica”. A agência, por sua vez, manteve silêncio sobre os detalhes do caso.

Implicações mais amplas

A investigação é mais um capítulo no escrutínio crescente sobre as práticas de empresas de tecnologia no mercado de computação em nuvem e cibersegurança. À medida que o setor continua a crescer, questões sobre competição justa, segurança de dados e contratos governamentais devem permanecer no centro dos debates regulatórios. A abordagem da FTC nesse caso poderá definir o tom para futuras ações contra gigantes como a Microsoft.

OpenAI anuncia reestruturação corporativa e se torna uma Public Benefit Corporation

A OpenAI, empresa por trás do ChatGPT, anunciou mudanças significativas em sua estrutura organizacional. Em um post no blog oficial, a companhia revelou que passará a operar como uma Public Benefit Corporation (PBC), um modelo de empresa que busca equilibrar interesses lucrativos com um propósito social claro. Essa mudança visa alinhar seus objetivos de inovação com benefícios para a sociedade, enquanto mantém um modelo que incentiva o crescimento e a captação de investimentos.

O que muda com o novo modelo de PBC?

O modelo de PBC é um tipo de corporação reconhecida pela legislação dos EUA, cuja missão combina geração de lucro e impacto social positivo. Embora a OpenAI já operasse com uma estrutura mista — com braços sem fins lucrativos e com fins lucrativos —, a mudança para o status de PBC formaliza esse compromisso e amplia a capacidade de atração de capital.

No modelo atual, o braço sem fins lucrativos continuará a deter ações da nova corporação, enquanto a divisão com fins lucrativos será responsável pelas operações diárias. Além disso, a fundação sem fins lucrativos planeja formar uma equipe de liderança focada em iniciativas sociais nas áreas de saúde, educação e ciência.

“Acreditamos que essa nova estrutura nos permitirá equilibrar os interesses de acionistas, partes interessadas e o benefício público em nossas tomadas de decisão”, declarou a empresa.

Implicações financeiras e operacionais

A mudança, segundo a OpenAI, trará maior flexibilidade para captar recursos, embora a empresa não tenha detalhado como isso acontecerá. O post no blog também não esclarece se haverá impactos diretos nos produtos voltados para o consumidor, como o ChatGPT. No entanto, considerando as recentes dificuldades enfrentadas pela plataforma — incluindo uma grande interrupção de serviço no dia seguinte ao Natal —, a injeção de novos recursos e investimentos pode ser fundamental para garantir a estabilidade e a expansão de seus serviços.

Braço social ganha destaque

Com o novo modelo, o braço sem fins lucrativos da OpenAI terá maior autonomia para liderar projetos de impacto social. A empresa planeja contratar uma equipe dedicada para promover iniciativas voltadas a áreas críticas como saúde, ciência e educação. Essa abordagem reflete uma visão de longo prazo para ampliar o impacto da inteligência artificial além do escopo comercial.

O que esperar no futuro?

Embora os detalhes operacionais ainda sejam escassos, a transição para o modelo de PBC reflete o esforço da OpenAI em consolidar sua posição como uma das empresas líderes no desenvolvimento responsável da inteligência artificial. Ao mesmo tempo, a mudança busca aliviar tensões entre objetivos lucrativos e a necessidade de atender aos desafios éticos e sociais associados à expansão da IA.

A medida também sinaliza uma possível resposta às críticas crescentes sobre o impacto das tecnologias de IA e os desafios de governança enfrentados por empresas do setor. Se bem-sucedida, essa reestruturação pode se tornar um modelo para outras companhias que buscam equilibrar inovação e responsabilidade social no mundo da tecnologia.

Bluesky lançou seu próprio trending topics e recurso deverá atrair usuários do X/Twitter

Neste Natal, a Bluesky anunciou o lançamento de uma nova funcionalidade: o trending topics. A novidade foi compartilhada em um post no próprio aplicativo, com a empresa desejando um “Feliz Natal” aos usuários e apresentando a funcionalidade como mais um passo na evolução da plataforma.

Merry Christmas from us to you 🎄🎁💙 We launched Trending Topics today, and you can find it by tapping the search icon on the bottom bar of the app or the right sidebar on desktop.

Bluesky (@bsky.app) 2024-12-26T01:09:14.499Z

“Você pode encontrar o trending topics tocando no ícone de busca na barra inferior do app ou na barra lateral direita no desktop”, explicou o comunicado publicado em 25 de dezembro.

Um novo capítulo na jornada de Bluesky

Desde que X, anteriormente conhecido como Twitter, passou a ser controlado por Elon Musk, muitos usuários têm migrado para alternativas como a Bluesky. A compra de X e a controversa associação de Musk com a administração Trump têm gerado debates intensos, e a Bluesky se consolidou como um refúgio para aqueles que buscam uma experiência mais comunitária e livre de polêmicas. O trending topics reforça o apelo da plataforma ao trazer de volta uma funcionalidade essencial para discussões em tempo real, como cobertura de notícias, eventos esportivos e até mesmo programas de TV.

Detalhes da funcionalidade

Em uma publicação detalhando o funcionamento do trending topics, a Bluesky enfatizou que essa é apenas a primeira versão da ferramenta, destacando a importância do feedback dos usuários para futuras melhorias.

Os principais pontos incluem:

  • A possibilidade de desativar a funcionalidade diretamente com o botão “X” ou pelas configurações.
  • Palavras já mutadas pelos usuários também não aparecerão nos tópicos em destaque.
  • A funcionalidade está disponível, inicialmente, apenas em inglês, mas há planos para expandir o suporte para outros idiomas após testes mais abrangentes.

Bluesky: um espaço para comunidade e discussão

O lançamento do trending topics é um movimento estratégico para capturar o que muitos consideravam uma das maiores forças do antigo Twitter: a capacidade de reunir pessoas em torno de temas importantes ou populares em tempo real. Além disso, a plataforma tem se destacado por sua abordagem colaborativa com os usuários, buscando construir um espaço mais inclusivo e adaptável.

Com as mudanças recentes nas redes sociais e o declínio do X sob a gestão de Musk, a Bluesky está emergindo como uma alternativa promissora para usuários que valorizam um ambiente mais amigável e focado em comunidades. A inclusão de trending topics reforça o compromisso da plataforma em recriar a experiência que tantos consideravam única no Twitter original.

2025 promete redefinir a geopolítica da inteligência artificial

O ano de 2025 está prestes a marcar uma virada no debate global sobre inteligência artificial (IA) e geopolítica, à medida que líderes mundiais começam a perceber que a tecnologia não precisa ser uma disputa, mas uma oportunidade de cooperação. Nos últimos anos, o discurso em torno da IA oscilou entre entusiasmo e temor, muitas vezes distorcendo as prioridades políticas e fomentando o chamado nacionalismo tecnológico.

O nacionalismo em IA e suas origens

Desde 2017, quando o presidente chinês Xi Jinping anunciou o plano da China para se tornar uma superpotência em IA até 2030, a tecnologia passou a ocupar o centro das estratégias geopolíticas. A ambição chinesa de liderar a inovação tecnológica gerou uma resposta contundente dos Estados Unidos. Medidas como a Lei CHIPs e Ciência de 2022, que restringe a exportação de semicondutores à China, exemplificam o esforço americano para conter o avanço tecnológico chinês.

Esse clima de disputa se intensificou em 2024, quando o governo Biden emitiu um decreto ampliando as restrições de investimento em IA na China. A narrativa que permeia essas ações retrata a IA como uma arena de competição global, em vez de uma ferramenta para resolver problemas coletivos.

Uma mudança no horizonte

Apesar dessa postura combativa, 2025 deve marcar o início de uma abordagem mais colaborativa. As lições da Guerra Fria mostram que a diplomacia pode transformar disputas tecnológicas em oportunidades de progresso comum.

Durante aquele período, os EUA lideraram esforços para evitar a militarização do espaço, culminando em tratados que garantiram sua utilização para fins pacíficos, algo que oscilou bastante posteriormente, e sobretudo após o fim da União Soviética, quando os EUA puderam deixar de lado algumas boas práticas propostas por ele mesmo. Ainda assim, viveu-se por um período relativa pacificidade em discussões relacionadas ao setor.

O AI Summit de 2025, liderado pelo presidente francês Emmanuel Macron, reflete essa mudança de perspectiva. Macron, que já destacou a importância de soluções práticas e padrões globais em discursos recentes, propõe um debate que vá além das questões de segurança e explore como a IA pode beneficiar a sociedade de forma tangível.

A inclusão como prioridade

Outra peça fundamental dessa transformação é a ação da ONU, ainda que a entidade termine o ano com muito menos prestígio do que tinha quando o ano começou. Reconhecendo que muitos países foram deixados à margem do debate sobre IA, a organização apresentou em 2024 um plano para promover uma abordagem mais inclusiva e global. Essa iniciativa busca garantir que nações com menos recursos tecnológicos tenham voz nas decisões sobre o futuro da IA.

Ao mesmo tempo, EUA e China começaram a explorar uma diplomacia tímida, estabelecendo um canal bilateral de consultas sobre IA. Embora os impactos concretos dessa iniciativa ainda sejam incertos, ela indica um desejo inicial de diálogo entre as maiores potências tecnológicas do mundo.

De uma disputa a um esforço coletivo

Se 2023 e 2024 foram marcados por uma retórica de “corrida armamentista” em torno da IA, 2025 promete reposicionar a tecnologia como um campo de colaboração. O momento é crucial para redefinir a narrativa, passando de uma competição polarizada para uma visão global que valorize a diplomacia e o progresso compartilhado.

Essa mudança não será imediata, nem deverá marcar uma evolução responsável da IA, nem apresentar um panorama global isento de desafios, mas os primeiros passos já estão sendo dados. Em um mundo cada vez mais interconectado, o futuro da inteligência artificial não pode ser moldado por fronteiras, mas por esforços coletivos que garantam seus benefícios para todos.

Os maiores acontecimentos tecnológicos de 2024 segundo a Forbes

O ano de 2024 foi marcado por avanços tecnológicos impressionantes que transformaram áreas como política, saúde, sustentabilidade e exploração espacial. Enquanto essas inovações abriram novas possibilidades, também trouxeram desafios que moldarão o futuro. A revista Forbes destacou os eventos tecnológicos mais relevantes de 2024. Veja a lista abaixo.

Inteligência artificial e eleições democráticas

Em 2024, a inteligência artificial desempenhou um papel central em processos eleitorais globais, como as eleições recordistas na Índia e a presidencial nos Estados Unidos. Equipes de campanha utilizaram IA para análise de eleitores, engajamento em massa e respostas em tempo real. Contudo, essa integração trouxe preocupações, como o uso de deepfakes e desinformação automatizada. Embora tenha ampliado o alcance democrático, a tecnologia também desafiou as autoridades a protegerem a integridade eleitoral.

Conflito na Ucrânia: a guerra mais tecnológica da história

O conflito na Ucrânia consolidou-se como o mais avançado tecnologicamente, empregando drones, cães-robôs e estratégias de guerra cibernética. Ferramentas de reconhecimento facial foram usadas por ONGs para identificar criminosos de guerra, enquanto novos mísseis hipersônicos estrearam no campo de batalha. Este conflito destacou como a tecnologia pode tanto intensificar quanto solucionar crises humanitárias.

Avanços em tecnologias sustentáveis

A crise climática impulsionou inovações em tecnologias de captura de carbono, armazenamento de baterias e refrigeração eletrocalórica, que promete soluções mais eficientes em consumo energético. Esses avanços são passos significativos para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e atender à crescente demanda por energia limpa.

Espaço: novos marcos na exploração

A SpaceX realizou um feito impressionante com o pouso bem-sucedido do foguete Starship Super Heavy utilizando a torre “Mechazilla”. Além disso, a Índia se tornou o quarto país a pousar na Lua, juntando-se aos EUA, Rússia e China, destacando a crescente democratização da exploração espacial.

Recordes na computação quântica

A computação quântica avançou significativamente, com o computador H2-1, da Quantinuum, superando o desempenho do Sycamore, do Google, em mais de 100 vezes. Embora ainda esteja longe de aplicações cotidianas, a tecnologia promete revolucionar campos como criptografia e otimização, onde sua velocidade supera em milhões de vezes a capacidade dos computadores clássicos.

Primeira terapia genética contra tumores sólidos

A FDA aprovou o Tecelra, a primeira terapia celular personalizada de células T para tratar tumores sólidos. Demonstrando eficácia em reduzir tumores em 44% dos pacientes nos ensaios clínicos, esse avanço em biotecnologia sinaliza um futuro promissor no combate ao câncer.

O legado de 2024 e o olhar para 2025

Ao longo de 2024, vimos como a tecnologia pode transformar a sociedade de maneiras inimagináveis, desde avanços na saúde até soluções energéticas inovadoras. Contudo, também emergiram desafios éticos, sociais e regulatórios que precisarão ser enfrentados. Com 2025 no horizonte, o ritmo da inovação promete continuar acelerado, indicando que estamos apenas no começo de uma década revolucionária.

ReVar: nova ferramenta automatiza cálculo de IR para investidores em renda variável

A partir de 2025, investidores pessoa física no Brasil contarão com uma solução inédita para facilitar a apuração do Imposto de Renda sobre operações de renda variável. Desenvolvida pelo Serpro em parceria com a Receita Federal do Brasil (RFB) e a B3, a calculadora ReVar promete simplificar a declaração de impostos sobre investimentos em ações, ETFs, fundos imobiliários e BDRs.

Como funciona a ReVar?

No lançamento, a ReVar atenderá operações no mercado à vista da B3. Em etapas futuras, a ferramenta incorporará funcionalidades adicionais, como:

  • Cálculo de grupamento de ações;
  • Pagamento de proventos;
  • Suporte para investidores que operam índices e dólar futuro.

Além disso, está em desenvolvimento uma funcionalidade para o pré-preenchimento automático da Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física (DIRPF), que trará ainda mais praticidade ao processo de declaração.

A calculadora utiliza APIs avançadas para integrar dados das operações realizadas pelos investidores, diretamente da B3 e das corretoras. Com isso, o sistema apura ganhos ou prejuízos líquidos, calcula o imposto devido e gera automaticamente o DARF com QR Code para pagamento via PIX.

Benefícios para os investidores

A ReVar é projetada para atender cerca de 4 milhões de investidores e oferece:

  1. Praticidade: Reduz o tempo necessário para apuração e pagamento do imposto.
  2. Confiabilidade: Garantia de cálculos precisos, em conformidade com a legislação vigente.
  3. Inovação: Automatização de processos complexos, preparando o caminho para um preenchimento mais ágil da DIRPF.

Os investidores poderão acessar a ReVar pela Área do Investidor da B3 ou pelo portal e-CAC da Receita Federal. O sistema permitirá o compartilhamento de dados em conformidade com a LGPD, oferecendo segurança e transparência aos usuários.

Declaração e pagamento facilitados

No portal e-CAC, o investidor poderá complementar as informações com dados adicionais, como custo de aquisição de ativos e prejuízos acumulados. Após esse passo, a ferramenta apresentará um resumo mensal das operações e, quando necessário, gerará o DARF para pagamento.

Segundo Robinson Barreirinhas, secretário da Receita Federal, a ferramenta “é mais uma entrega alinhada à nova diretriz da Receita de oferecer todos os meios possíveis para orientar os contribuintes e diminuir o custo de conformidade”.

A ReVar marca um avanço significativo para simplificar a relação dos investidores brasileiros com o cumprimento de suas obrigações fiscais, trazendo agilidade, segurança e inovação ao processo de apuração de impostos.

Proposta do Google tenta responder acusações de monopólio no mercado de buscas

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) apresentou recentemente uma lista de soluções para corrigir o comportamento anticompetitivo do Google e restabelecer a concorrência no mercado de motores de busca. As propostas incluíam medidas drásticas, como a venda do navegador Chrome, do sistema operacional Android e da loja Google Play. Na última sexta-feira, o Google respondeu com sua própria lista de sugestões, que foca em ajustes contratuais e financeiros.

As soluções propostas pelo Google

Ao invés de desmembrar seus produtos, como sugerido pelo DOJ, o Google propôs alternativas que abordam:

  • Pagamentos a empresas como Apple e Mozilla: esses pagamentos garantem o posicionamento prioritário de seus serviços nas plataformas dessas empresas.
  • Acordos de licenciamento com fabricantes de dispositivos Android: o Google se compromete a dissociar licenças de apps populares, como Chrome e Google Assistente, do licenciamento da Play Store.
  • Contratos com operadoras de telefonia móvel: a empresa sugere limitar a exclusividade de seus aplicativos pré-instalados.

Por um período de três anos, o Google planeja impedir que novos contratos vinculem licenças do Chrome, do buscador ou da Play Store à pré-instalação de outros aplicativos, como o Google Assistente ou a nova IA generativa Gemini.

Além disso, a empresa propõe que seja permitido pagar por posição de destaque em navegadores, mas que tais acordos sejam revisados anualmente e permitam múltiplos contratos em diferentes plataformas ou modos de navegação.

A posição do Google e os próximos passos

Lee-Anne Mulholland, vice-presidente de regulamentação do Google, afirmou no blog oficial da empresa que “esta decisão foi sobre nossos contratos de distribuição de busca, então nossas propostas de remediação são direcionadas a isso”. A companhia também planeja apelar da decisão do juiz Amit Mehta, que classificou o Google como monopolista e acusou a empresa de manter essa posição de forma intencional.

O Google se comprometeu a enviar uma proposta revisada até o dia 7 de março de 2025, antes do início do julgamento sobre o caso, previsto para abril.

O impacto no mercado de buscas

A decisão de manter pagamentos por posicionamento padrão e a flexibilidade para novos acordos pode ajudar o Google a sustentar sua influência, mas também reflete uma tentativa de evitar medidas mais severas, como a partilha de dados de busca com concorrentes, uma sugestão também incluída na lista do DOJ.

Se a proposta do Google será aceita, ainda é incerto. A audiência de abril pode definir novos rumos para o setor de tecnologia e a regulação de grandes empresas no mercado global.

2024: um ano de ativismo digital e impacto cultural de uma contracultura confusa

2024 foi marcado por uma crescente politização do espaço digital. Um dos destaques do ano foi a amplificação sem precedentes do movimento pró-Palestina, que ganhou força desde os ataques de 7 de outubro de 2023. Jovens ativistas e celebridades transformaram suas plataformas online em palcos para chamar a atenção sobre a crise humanitária nos territórios ocupados. Ferramentas como o TikTok foram usadas de forma criativa, como na “Operation Watermelon”, que manipulou algoritmos para manter o foco no conflito de Gaza.

Enquanto isso, jornalistas cidadãos como Bisan Owda e Medo Halimy emergiram como figuras centrais no fornecimento de informações e imagens, destacando também as limitações e preconceitos das plataformas sociais, que foram acusadas de censurar vozes palestinas.

A luta para salvar o TikTok

O TikTok enfrentou novas tentativas de proibição nos Estados Unidos, desta vez culminando em uma lei assinada pelo presidente Joe Biden, que exigiu a venda da plataforma ou seu banimento a partir de janeiro de 2025. Campanhas massivas de usuários e organizações civis tentaram reverter a decisão, argumentando que a proibição violava direitos de liberdade de expressão. A questão agora aguarda um veredito da Suprema Corte.

Uma era de boicotes digitais

Estratégias tradicionais de boicote ganharam nova vida no ambiente digital, muitas vezes inspiradas pelo movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções). Listas de empresas e celebridades a serem boicotadas viralizaram, com diferentes graus de eficácia. Esses movimentos refletiram uma conscientização coletiva sobre como o engajamento online pode ser transformado em ação política tangível.

Redes sociais no centro das atenções

O impacto das redes sociais em causas sociais e políticas também foi amplamente debatido. Movimentos como o #Blockout2024, que incentivava o bloqueio de celebridades durante eventos como o Met Gala, mostraram como os usuários estão usando suas interações como forma de protesto. Paralelamente, a plataforma X, anteriormente Twitter, perdeu milhões de usuários em meio a controvérsias relacionadas ao proprietário Elon Musk, levando muitos a migrarem para alternativas como Bluesky.

Eleições e ativismo nos Estados Unidos

O ciclo eleitoral de 2024 nos Estados Unidos trouxe exemplos poderosos de como as redes sociais podem ser usadas para mobilizar eleitores. Campanhas como “Swifties for Kamala” e ações coordenadas por grupos como #WinWithBlackWomen mostraram o impacto de comunidades digitais na arrecadação de fundos e engajamento político. Após as eleições, estados aprovaram medidas significativas, como a inclusão de direitos ao aborto em constituições estaduais, e figuras progressistas, como Sarah McBride, alcançaram marcos históricos.

Um novo despertar digital

O ano de 2024 deixou claro que os usuários de plataformas digitais não estão mais dispostos a aceitar passivamente as decisões de poderosos. Seja em conflitos internacionais, seja em disputas políticas locais, o ativismo online provou ser uma ferramenta essencial para promover mudanças e responsabilizar líderes, ainda que isso se dê – com alguma contradição – dentro de espaços que são propriedade de pessoas envolvidas com o status quo, como ficou claro durante e após a eleição estadunidense. O futuro da ação digital promete ser ainda mais intenso e conflituoso.

República Democrática do Congo processa Apple por uso de minerais de conflito

A República Democrática do Congo (RDC) apresentou queixas-crime contra subsidiárias da Apple na França e na Bélgica, acusando a gigante da tecnologia de utilizar minerais de conflito em sua cadeia de fornecimento. O governo congolês alega que a Apple estaria se beneficiando de minerais saqueados da RDC e processados globalmente, o que, segundo as acusações, a torna cúmplice de crimes cometidos por grupos armados que controlam minas no leste do país.

Alegações de envolvimento com “minerais de sangue”

As denúncias, formalizadas por uma equipe de advogados internacionais representando o ministro da Justiça da RDC, apontam que minerais essenciais para a fabricação de dispositivos eletrônicos, como estanho, tântalo e tungstênio — conhecidos como “minerais 3T” —, estariam sendo extraídos de zonas de conflito. O processo acusa a Apple de permitir que esses recursos sejam “branqueados” por meio de cadeias de abastecimento globais, financiando indiretamente milícias armadas e perpetuando um ciclo de violência.

Os advogados afirmaram em uma declaração conjunta que essas práticas contribuíram para graves violações dos direitos humanos, incluindo trabalho infantil forçado e devastação ambiental. Além disso, destacaram que o conflito no leste da RDC, uma das regiões mais ricas em minerais do mundo, já deslocou milhões de pessoas e gerou um desastre humanitário com assassinatos em massa e violência sistemática.

Resposta da Apple às acusações

Em comunicado divulgado após a apresentação dos processos, a Apple negou categoricamente as alegações, afirmando que “contesta veementemente” as acusações. A empresa destacou que, diante do agravamento dos conflitos na região, notificou seus fornecedores no início de 2023 para suspenderem o fornecimento de minerais provenientes da RDC e do Ruanda.

“Reconhecemos que a situação na região é muito difícil e aumentamos nosso apoio a organizações que ajudam comunidades locais,” declarou a Apple. A empresa também reiterou seu compromisso com práticas de fornecimento responsáveis e transparentes.

Mineração ilegal e envolvimento do Ruanda

As acusações não são novas no contexto da RDC. O governo congolês e a ONU já alertaram anteriormente sobre o contrabando de minerais 3T para o vizinho Ruanda, que frequentemente nega as alegações. Grupos de direitos humanos afirmam que essas práticas alimentam o financiamento de grupos armados e dificultam esforços para estabilizar a região.

Ação inédita contra uma gigante da tecnologia

Robert Amsterdam, advogado norte-americano envolvido no caso, chamou as denúncias de um marco histórico: “Estas queixas-crime são as primeiras ações judiciais apresentadas pela RDC contra uma grande empresa de tecnologia.” Segundo ele, este é apenas o começo de uma série de processos legais para responsabilizar empresas multinacionais pelo impacto de suas cadeias de abastecimento em zonas de conflito.

As autoridades na França e na Bélgica agora avaliarão as provas apresentadas para decidir se abrem investigações formais contra a Apple. Se avançarem, estas ações podem desencadear um debate mais amplo sobre a responsabilidade das empresas de tecnologia em garantir cadeias de suprimentos livres de violações de direitos humanos e práticas comerciais enganosas.

World enfrenta medidas corretivas devido a violações de proteção de dados na União Europeia

A World, projeto de identificação biométrica cofundado por Sam Altman, da OpenAI, foi notificada pela autoridade de proteção de dados da Baviera, na Alemanha, por não estar em conformidade com as normas do Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) da União Europeia. A empresa foi ordenada a corrigir seus procedimentos e iniciar um processo de eliminação de dados, de acordo com o portal Euro News.

O funcionamento da tecnologia da World

A World utiliza um dispositivo chamado “Orb” para escanear íris e rostos, criando uma forma de identificação pessoal que permite aos usuários se autenticarem como humanos em atividades online. Esses dados são processados pela Tools for Humanity, empresa sediada em São Francisco, mas a infraestrutura europeia da World está localizada na Baviera, Alemanha.

O dispositivo da World promete proteger a privacidade ao mesmo tempo que valida identidades, algo crucial na era da inteligência artificial. No entanto, a autoridade alemã identificou “riscos fundamentais de proteção de dados” no procedimento de coleta e armazenamento de informações, que não atendem às exigências do RGPD.

Decisão da autoridade de proteção de dados da Baviera

Após meses de investigação, o Gabinete Estatal de Supervisão da Proteção de Dados da Baviera (BayLDA) determinou que os métodos da World não são compatíveis com o RGPD. Foi ordenado à empresa que implementasse um procedimento de eliminação de dados, garantindo que todos os usuários possam exercer seu direito ao apagamento das informações coletadas.

Michael Will, presidente da BayLDA, declarou:

“Com a decisão de hoje, estamos aplicando as normas europeias de direitos fundamentais a favor dos titulares dos dados num caso tecnologicamente exigente e juridicamente muito complexo.”

A World recorreu da decisão e busca clarificações judiciais sobre o uso das chamadas Tecnologias de Melhoria da Privacidade para assegurar que atendem à definição de anonimização na UE.

Mudanças no processamento de dados

Damien Kieran, diretor de privacidade da Tools for Humanity, afirmou que a empresa já alterou seus processos. No passado, códigos de íris eram armazenados em uma base de dados centralizada, mas agora um protocolo criptográfico divide essas informações em três partes, que são armazenadas em bases de dados de terceiros, incluindo universidades e outras entidades independentes.

Essas mudanças, segundo Kieran, eliminam a posse dos dados pessoais pela World, garantindo que os códigos sejam praticamente impossíveis de decifrar e que a privacidade dos usuários seja protegida.

Expansão global e desafios legais

A World já opera em países como Alemanha, Japão, Coreia do Sul, México e Estados Unidos, e planeja expandir para Irlanda, França, Reino Unido e Itália. Contudo, Espanha e Portugal impuseram proibições temporárias ao projeto devido a preocupações com a privacidade dos dados.

Damien Kieran defendeu que a falta de uma definição clara de anonimização na legislação europeia é um desafio. Segundo ele, essa definição é essencial para permitir o uso responsável de tecnologias que protejam a privacidade na era da inteligência artificial.

Enquanto a World enfrenta regulamentações rigorosas na UE, a controvérsia sobre como equilibrar inovação tecnológica e proteção de dados continua sendo um tema central no debate global sobre privacidade e IA.

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